Plantas para paisagismo e autosserviço despontam entre as procuras do consumidor
Dados divulgados recentemente pelo do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do mercado de flores no Brasil cresceu 67% entre 2020 e 2023 – um salto de R$ 11,9 bilhões para R$ 19,9 bilhões. O destaque fica com o desempenho do Estado de São Paulo, cujo comércio representou 40% do valor total do PIB, com R$ 7,8 bilhões movimentados em 2023.
Mas o mercado não só cresceu, ele se reinventou. Desde 2020, quando houve a pandemia de Covid-19, a procura por atividades dentro dos lares impulsionou o mercado de paisagismo e autosserviço e esses dois setores mantém viés de alta nas vendas até o momento.
Nesse contexto, a cidade de Holambra, a 120 quilômetros de São Paulo, se destaca como polo de comercialização de flores, atraindo produtores de todo o país. “Cerca de 70% do volume de plantas comercializadas para paisagismo passam pela cidade”, comenta Antonio Carlos Rodrigues, CEO do Ceaflor, mercado atacadista localizado em Holambra.
Segundo o executivo, nos 946 boxes do Ceaflor são comercializados acessórios e produtos cultivados tanto na região de Holambra, quanto de diversas cidades do estado de São Paulo, além de estados como Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
“Aqui, os produtores também vendem para o varejo, o que mais tem atraído produtores de todo o Brasil é que estar presente no mercado de Holambra serve de vitrine e ponte para o contato com grandes redes de garden centers, hiper e supermercados, além das floriculturas e empresas de decoração e paisagismo”, afirma Rodrigues.
Logística
Bruno Black de Motta Ferreira, da Atmosphera Plantas e Paisagismo, produz mudas de espécies voltadas para paisagismos nas cidades de Igarassu e Monjope, em Pernambuco, mas uma vez por semana leva um carregamento de plantas para vender em Holambra.
“Começamos com essa prática há quase um ano e a vantagem tem sido na abertura de canais e pontos de venda para o Brasil, principalmente aqueles de autosserviço, mas também com alguns arquitetos. Nosso foco é oferecer cultivares que não são tão comercializados no Sudeste, como diferencial da nossa marca”, explica.
Para compensar o preço do frete para levar as plantas à filial de Holambra, Ferreira conta que aproveita o retorno do veículo para carregá-lo insumos e acessórios comprados no Sudeste, mais baratos do que onde está sua produção, no Nordeste.
Somando as duas unidades produtivas (de Igarassu e Monjope), a Atmosphera cultiva uma área de cerca de 60 hectares e tem outros 20 hectares de preservação ambiental. A produção é voltada para plantas e flores, com destaque para aquelas adaptadas a climas litorâneos.
“Há quilômetros e quilômetros de costa brasileira a ser decorada com plantas adaptadas a esse clima. É nisso que apostamos”, finaliza Ferreira.
Oportunidades
Para Eduardo Metx Castan, da Boa Vista Plantas Ornamentais, localizada em Joinville (SC), ter uma filial em Holambra também significa mais oportunidades de negócios. Eles têm hoje quatro boxes no Ceaflor. “Temos uma produção consolidada, de 39 anos de mercado. Mas queríamos expandir nossas vendas e, desde 2020, nossa escolha foi nos aproximar do polo de flores do Brasil”, diz. “Com a iniciativa, nossas vendas totais aumentaram entre 40% e 50% desde então”.
Para se destacar entre os mais de 450 de produtores que expõe no Ceaflor, ele investe na atualização de tendências, incluindo pesquisas e visitas internacionais. “Viajamos recentemente para a Costa Rica, que é referência em paisagismo, para trazer ao Brasil as descobertas e aprimoramentos que fazem lá. Com essas cultivares diferenciadas, conseguimos abrir algumas portas”, celebra.
Castan conta ainda que a produção da Boa Vista mescla também influências aprendidas na Holanda e Estados Unidos. “Há uma tendência expressiva no momento que é a Urban Jungle¸na qual as pessoas estão optando por bastante verde, com folhagens exuberantes para ambientes internos. Então procuramos ficar antenados a esses desejos para oferecer o que houver de mais adequado aos ambientes”, diz.