A colheita de arroz para a safra 2024/25 está avançando de forma significativa no Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, cerca de 40% da produção já foi colhida, enquanto no Mercosul o número chega a 60%, conforme informações de Sérgio Cardoso, diretor da Itaobi Representações. A produtividade tem superado as expectativas, mas os preços do produto continuam pressionados, voltando aos níveis de cinco anos atrás.

Embora a oferta seja abundante, a retomada da capacidade ociosa da indústria tem mantido os preços estáveis, em termos reais. O preço de março de 2020, ajustado pela Selic acumulada, corresponderia a R$ 75,57 hoje, enquanto o valor atual é de R$ 79,15, de acordo com dados do CEPEA. Contudo, o aumento dos custos de produção desde a pandemia tem afetado a rentabilidade dos produtores.
Sérgio Cardoso comenta que, apesar de uma boa colheita, o mercado está pressionado, com os preços retornando aos níveis de cinco anos atrás. Ele explica que a abundância de oferta, a retomada das capacidades industriais ociosas e a atuação mais cautelosa das tradings influenciam diretamente as cotações.
Outro ponto de preocupação é o aumento das exportações de arroz em casca, o que diminui o valor agregado dentro da cadeia produtiva brasileira. Isso tem levado a uma perda de competitividade da indústria nacional, tornando o mercado externo essencial para sustentar os preços. Caso a demanda externa diminua, tanto produtores quanto indústrias enfrentam maiores pressões, com o varejo ganhando força para negociar preços.
Cardoso alerta que, com o mercado interno e regional (Mercosul) vulneráveis à sobreoferta, o mercado externo é o principal fator de sustentação dos preços. Sem essa demanda, a pressão sobre os produtores e indústrias aumenta, dando ao varejo mais poder de barganha. Ele conclui afirmando que, apesar da safra cheia, a rentabilidade é apertada, e os preços não refletem o aumento dos custos de produção.