O bloqueio indígena na Rodovia Transamazônica (BR-230), que interrompia o escoamento de grãos entre regiões produtoras e o porto fluvial de Miritituba (PA), foi suspenso nesta terça-feira (08/04), segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a concessionária Via Brasil BR-163. A liberação ocorre após mais de duas semanas de protestos promovidos pelo povo Munduruku, que reivindicam mudanças no Marco Temporal, legislação de 2023 que restringe direitos territoriais indígenas.

Durante os protestos, a interdição afetou significativamente o transporte de cargas, paralisando cerca de 70 mil toneladas de grãos por dia, com prejuízo diário estimado em quase US$ 30 milhões, conforme empresas do setor. A Abiove informou que a mobilização foi encerrada após os líderes indígenas conseguirem agendar uma reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, prevista para o dia 15 de abril.
Em 2024, mais de 15 milhões de toneladas de soja e milho foram embarcadas por Miritituba, representando mais de 10% das exportações brasileiras desses grãos. Para 2025, espera-se um aumento de 20% nos embarques, impulsionado pela colheita recorde de soja e por perspectivas positivas para o milho. O Brasil também deve ampliar sua participação no comércio global devido à intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Mesmo antes dos protestos, o tráfego na região já enfrentava dificuldades por conta das precárias condições da BR-230, especialmente em trechos de terra batida. Caminhoneiros chegaram a esperar até três dias para descarregar, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transporte de Cargas (Anatc). A concessionária Via Brasil BR-163 aguarda autorização judicial para avançar em obras de melhoria e desapropriações necessárias ao novo acesso à Transportuária.