A indústria do cimento responde por até 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo artigo do pesquisador Décio Luiz Gazzoni, da Embrapa, publicado pelo Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). Para mitigar esse impacto, estudos realizados no Brasil, China e Estados Unidos investigam o uso da palha de milho como material cimentício suplementar (SCM), capaz de reduzir a pegada ambiental e melhorar a qualidade do concreto.
Pesquisas da Universidade do Colorado indicam que o aproveitamento da palha de milho no concreto gera blocos mais resistentes, duráveis e com melhor isolamento térmico. Além de agregar valor aos resíduos agrícolas, a solução contribui para metas de sustentabilidade ambiental.
“Métodos para utilizar biomassa de milho e processá-la como SCM estão em desenvolvimento. Os blocos produzidos apresentam maior resistência a rachaduras e estresse de tração”, explica Gazzoni.
Apesar dos resultados promissores, o pesquisador alerta para os riscos de remoção excessiva da palhada do solo, especialmente em sistemas de plantio direto, fundamentais para a conservação do solo e da umidade. Ele defende a ampliação das pesquisas para outras culturas e a avaliação do uso parcial da biomassa, de forma a não comprometer a saúde do solo.
“A solução parece ser estender os estudos a outras plantas com alta produção de biomassa e características semelhantes às do milho, avaliando a viabilidade agronômica e comercial da colheita parcial para a produção de cimento”, afirma Gazzoni.
