O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) concluiu em março a retirada de cabras da Ilha Santa Bárbara, no arquipélago de Abrolhos, extremo sul da Bahia. A remoção dos animais, que viviam isolados na ilha há mais de 200 anos, teve como objetivo mitigar os impactos ambientais causados à vegetação e à fauna local, especialmente às aves marinhas.
Ao todo, 27 caprinos foram retirados em três expedições realizadas desde janeiro, como parte de um plano de manejo iniciado em 2023. A operação contou com apoio da Marinha do Brasil, Embrapa, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).
As cabras foram originalmente introduzidas por navegadores, ainda no período colonial, como garantia de alimento durante expedições. Apesar da ausência de fontes de água doce, os animais se adaptaram ao ambiente árido e sobreviveram por gerações. Agora, serão estudados pela Uesb e pela Embrapa, que irão analisar a capacidade de adaptação dos caprinos à escassez hídrica.
Segundo o ICMBio, a presença das cabras comprometia a regeneração da vegetação nativa e afetava diretamente a reprodução de aves marinhas. A Ilha Santa Bárbara abriga sete espécies que utilizam o local como berçário, incluindo a grazina-do-bico-vermelho, espécie ameaçada que encontra ali sua maior colônia no Brasil.
“No passado, os caprinos serviam como fonte de proteína animal. Atualmente, com o apoio logístico da Marinha, sua presença tornou-se desnecessária”, explicou o Capitão de Fragata Douglas Luiz da Silva Pereira, responsável pela operação.
Além de proteger a biodiversidade de Abrolhos, a medida abre caminho para novos estudos sobre adaptação animal em ambientes extremos.
