A combinação entre oferta limitada de bois para abate e demanda externa aquecida tem impulsionado os preços da carne bovina no Brasil, tanto no campo quanto no mercado atacadista, segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A redução da disponibilidade interna do produto tem contribuído para valorizações sucessivas, observadas desde a última semana de março.

Com o avanço das exportações, especialmente de carne bovina in natura, o volume disponível para o mercado doméstico segue abaixo da demanda. Essa escassez relativa tem pressionado os preços da carne com osso e de cortes no atacado da Grande São Paulo. De acordo com o Cepea, esse cenário vem comprometendo a competitividade da carne bovina frente às principais concorrentes no mercado interno, como a suína, a de frango e até mesmo a tilápia.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, mostram que o Brasil exportou, até a segunda semana de abril, uma média diária de 10,9 mil toneladas de carne bovina in natura. O volume representa um avanço de 15,6% em relação à média registrada em abril de 2024, refletindo a forte demanda internacional pelo produto brasileiro.
Para os analistas, os preços elevados no mercado interno devem persistir enquanto perdurar o atual equilíbrio entre uma oferta enxuta e um ritmo firme de exportações. A expectativa do setor é que, mesmo com a concorrência de outras proteínas, a carne bovina mantenha sua valorização, sustentada principalmente pelo apetite do mercado externo.