Sustentabilidade

O que é economia verde e quais os seus benefícios?

O Brasil tem adotado algumas políticas e iniciativas relacionadas à economia verde, como o Plano Nacional de Mudanças Climáticas e o Programa de Agricultura de Baixo Carbono

ParkRoyal, Singapura.

Você já ouviu falar em economia verde? Esse conceito vem ganhando cada vez mais destaque no cenário mundial, como uma alternativa de desenvolvimento sustentável que busca conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental e a inclusão social.

Neste artigo, nós do Agrozil vamos explicar o que é economia verde, qual a sua importância, quais são as suas vantagens e os desafios enfrentados, como ela pode ser aplicada na prática e quais são os países mais ativos nesse tema. Também vamos mostrar qual é a situação do Brasil em relação à economia verde e quais são as perspectivas futuras para esse modelo.

O que é economia verde?

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), economia verde é “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica”.

Em outras palavras, é uma economia que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa, aumentar a eficiência no uso dos recursos naturais e promover a justiça social, por meio de tecnologias limpas, consumo consciente, reciclagem, reutilização, valoração da biodiversidade e geração de empregos verdes.

A economia verde se baseia nos princípios do desenvolvimento sustentável, que visa atender às necessidades das gerações presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Nesse sentido, a economia verde se opõe ao modelo econômico tradicional, que prioriza o crescimento a qualquer custo, sem levar em conta os impactos ambientais e sociais.

A ideia de economia verde surgiu em 2008, como uma resposta à crise financeira global e à crise climática. O Pnuma lançou a Iniciativa Economia Verde (IEV), com o objetivo de apoiar os países na transição para um modelo econômico mais sustentável. Em 2012, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a economia verde foi reconhecida como um dos pilares para o desenvolvimento sustentável, juntamente com a governança ambiental e a erradicação da pobreza.

Qual a importância da economia verde?

A economia verde é importante porque oferece uma oportunidade de superar os desafios globais relacionados à mudança climática, à perda de biodiversidade, à escassez de recursos naturais, à poluição e à desigualdade social.

De acordo com o Pnuma, a transição para uma economia verde pode gerar benefícios como:

  • Aumento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países em até 1% até 2050;
  • Criação de até 60 milhões de empregos verdes até 2030;
  • Redução das emissões globais de gases de efeito estufa em até 50% até 2050;
  • Melhoria da qualidade de vida da população por meio do acesso à energia limpa, à água potável, ao saneamento básico e à saúde pública;
  • Preservação dos ecossistemas e dos serviços ambientais que eles fornecem;
  • Redução da pobreza e da fome por meio da distribuição de renda e da segurança alimentar.

Quais são as vantagens e desafios de uma economia verde?

Como todo modelo econômico, a economia verde apresenta vantagens e desvantagens, que devem ser analisadas com cuidado.

Entre as vantagens desse modelo, podemos citar:

  • Estimula a inovação tecnológica e o desenvolvimento de novos produtos e serviços que atendam às demandas ambientais e sociais;
  • Aumenta a competitividade das empresas que adotam práticas sustentáveis e se diferenciam no mercado;
  • Reduz os custos operacionais das empresas que economizam energia, água e matéria-prima e evitam multas e sanções ambientais;
  • Amplia as oportunidades de negócios e de investimentos em setores como energia renovável, transporte público, agricultura orgânica, turismo ecológico, entre outros;
  • Fortalece a participação da sociedade civil e dos consumidores na tomada de decisões e na fiscalização das políticas públicas e das ações empresariais.

Desafios para uma economia verde:

  • Exige mudanças estruturais profundas no sistema econômico, político e social, que podem enfrentar resistências de grupos de interesse e de setores conservadores;
  • Requer investimentos iniciais elevados para a implantação de infraestrutura, tecnologia e capacitação para a economia verde, que podem não ter retorno imediato ou garantido;
  • Pode gerar perda de empregos em setores tradicionais que dependem de recursos naturais não renováveis ou que são altamente poluentes, como mineração, petróleo, carvão, entre outros;
  • Pode aumentar as desigualdades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, caso não haja uma distribuição justa dos benefícios e dos custos da transição para a economia verde;
  • Pode ser usada como uma forma de “greenwashing”, ou seja, de maquiar práticas insustentáveis com um discurso ambientalista.

Como aplicar a economia verde na prática?

A aplicação da economia verde na prática depende do envolvimento e do comprometimento de todos os atores sociais: governos, empresas, organizações não governamentais e cidadãos. Cada um tem um papel fundamental para promover a transição para um modelo econômico mais sustentável.

Os governos devem criar políticas públicas que incentivem a economia verde, por meio de instrumentos como regulamentação, tributação, subsídios, incentivos fiscais, crédito, compras públicas sustentáveis, entre outros. Também devem investir em educação ambiental, pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura verde e cooperação internacional.

As empresas devem incorporar a sustentabilidade em suas estratégias de negócio, por meio de práticas como gestão ambiental, responsabilidade social corporativa, ecoeficiência, eco-design, produção mais limpa, certificação ambiental, entre outras. Também devem dialogar com seus stakeholders (partes interessadas) e prestar contas sobre seus impactos ambientais e sociais.

As organizações não governamentais devem atuar como agentes de mobilização social, conscientização ambiental, defesa dos direitos humanos e dos recursos naturais, monitoramento das políticas públicas e das ações empresariais, entre outras. Também devem fomentar redes de colaboração e parcerias entre os diferentes setores da sociedade.

Os cidadãos devem exercer seu papel de consumidores conscientes, escolhendo produtos e serviços que tenham menor impacto ambiental e maior benefício social. Também devem exercer seu papel de cidadãos ativos, participando das decisões políticas, cobrando dos governantes e das empresas uma postura sustentável e adotando hábitos de vida mais verdes.

Quais são os países mais ativos na economia verde?

Não há um ranking oficial ou consensual sobre os países mais ativos na economia verde. No entanto, alguns indicadores podem ser usados para avaliar o desempenho dos países nesse tema. Um deles é o Índice de Desempenho Ambiental (EPI), elaborado pela Universidade Yale em parceria com a Universidade Columbia e o Fórum Econômico Mundial.

O EPI mede o progresso dos países em relação a 32 indicadores ambientais distribuídos em 11 categorias: qualidade do ar; saneamento; biodiversidade; florestas; pesca; agricultura; água potável; mudança climática e energia; ar limpo e energia renovável; poluição e saúde; e gestão de resíduos.

De acordo com o EPI mais recente, os países mais ativos na economia verde incluem a Suíça, a Suécia, a Dinamarca, Malta, a França e a Áustria. Esses países se destacam por suas políticas ambientais progressivas, investimentos em energia renovável, eficiência energética, gestão de resíduos e conservação da biodiversidade.

No entanto, é importante ressaltar que a adoção da economia verde varia de país para país, de acordo com suas circunstâncias socioeconômicas, recursos naturais disponíveis, capacidade institucional e prioridades políticas. Cada país tem seus próprios desafios e oportunidades na transição para um modelo econômico mais sustentável.

Situação do Brasil em relação à economia verde e perspectivas futuras

No Brasil, a economia verde ainda está em desenvolvimento. O país possui uma rica biodiversidade e um potencial significativo para a produção de energia renovável, como a solar, eólica e biomassa. No entanto, enfrenta desafios como o desmatamento na Amazônia, a poluição dos rios e a dependência de combustíveis fósseis.

O Brasil tem adotado algumas políticas e iniciativas relacionadas à economia verde, como o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, o Programa de Agricultura de Baixo Carbono, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e o Programa de Energia Renovável. Também tem investido em energias renováveis, como a expansão da energia eólica e solar.

No entanto, existem desafios significativos a serem enfrentados para uma transição efetiva para a economia verde no país. É necessário fortalecer a governança ambiental, combater o desmatamento ilegal, promover a agricultura sustentável, incentivar a adoção de tecnologias limpas e fomentar a conscientização ambiental.

Apesar de tudo, perspectivas futuras para a economia verde no Brasil são promissoras, considerando a crescente preocupação com as questões ambientais, a pressão da sociedade civil por práticas mais sustentáveis e o potencial econômico das energias renováveis e da bioeconomia.

No entanto, é fundamental que haja um esforço conjunto e um comprometimento dos governos, das empresas, das organizações não governamentais e dos cidadãos para superar os obstáculos e avançar em direção a uma economia verde mais robusta e equitativa, que promova o bem-estar da população e a preservação do meio ambiente.