Biotecnologia

Agave é a nova fonte de biocombustíveis no sertão nordestino

Uma parceria entre a Shell, a Unicamp e o Senai Cimatec está estudando o potencial do agave, uma planta da Caatinga, para produzir etanol e biogás no sertão nordestino. O projeto Brave, que começou em novembro de 2022, tem como objetivo criar uma nova indústria de biorrefino na região, aproveitando as características da planta, que …

Agave. Foto: Reprodução/Pexels.

Uma parceria entre a Shell, a Unicamp e o Senai Cimatec está estudando o potencial do agave, uma planta da Caatinga, para produzir etanol e biogás no sertão nordestino. O projeto Brave, que começou em novembro de 2022, tem como objetivo criar uma nova indústria de biorrefino na região, aproveitando as características da planta, que é capaz de crescer em condições de seca e solo pobre.

O agave é uma planta suculenta que já é usada para fazer tequila no México. No Brasil, ela pode se tornar uma alternativa à cana de açúcar e ao milho na produção de biocombustíveis, ocupando uma área de mais de 84 milhões de hectares de semiárido na Caatinga. Segundo o gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell no Brasil, Alexandre Breda, o agave não vem para competir com a cana, mas para complementar a matriz energética do país e gerar renda e desenvolvimento para o sertão.

O projeto Brave é dividido em três etapas: a primeira, liderada pela Unicamp, seleciona as melhores variedades de agave para o cultivo; a segunda, coordenada pelo Senai Cimatec, desenvolve máquinas e equipamentos para o plantio e a colheita em larga escala; e a terceira, também sob responsabilidade do Senai Cimatec, cuida da industrialização da biomassa, analisando os processos de tratamento, aproveitamento de resíduos e produção de biocombustíveis.

A previsão é que em 2024 seja inaugurada a primeira biorrefinaria do sertão, que contará com o apoio da PetroBahia e da Casa dos Ventos. Além de etanol e biogás, o projeto também prevê a produção de biocarvão, um tipo de carvão orgânico que melhora a fertilidade do solo e sequestra carbono da atmosfera. O coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp, Gonçalo Pereira, afirma que o projeto vai muito além de produzir agave, mas também de fazer um solo produtivo para qualquer coisa.

A Shell está investindo R$ 100 milhões ao longo de cinco anos no projeto Brave, que faz parte da sua estratégia global de transição energética. O Brasil é um dos líderes mundiais na produção de biocombustíveis e tem experiência com o etanol da cana de açúcar. Com o agave, o país pode ampliar sua capacidade de gerar energia limpa e renovável.


Fonte: Portal Sustentabilidade.