Produção Sustentável

O que é agricultura de baixo carbono e por que ela é importante?

A agricultura de baixo carbono é fundamental para a segurança alimentar e nutricional do mundo, pois permite produzir mais alimentos com menos impactos ambientais

Foto: Reprodução/A Verdade.

A agricultura de baixo carbono é um conjunto de práticas e tecnologias sustentáveis que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na agropecuária, aumentar a produtividade e a renda dos produtores rurais, e contribuir para a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas.

As práticas incluem, por exemplo, a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), o plantio direto, a fixação biológica do nitrogênio, o manejo de pastagens degradadas, a recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal, e o uso de energias renováveis.

A agricultura de baixo carbono é fundamental para a segurança alimentar e nutricional do mundo, pois permite produzir mais alimentos com menos impactos ambientais.

Além disso, é uma forma de o Brasil cumprir seus compromissos internacionais de redução de emissões no setor agropecuário, que é responsável por cerca de 20% das emissões nacionais. Segundo o Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC+), lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 2021, o Brasil pretende reduzir as emissões do setor em 40% até 2030.

Agricultura de baixo carbono no Brasil e no mundo

O Brasil é um dos líderes mundiais em agricultura de baixo carbono, pois possui uma grande extensão territorial, uma diversidade climática e biológica, e um avançado sistema de pesquisa e inovação agropecuária.

Segundo a Embrapa, o Brasil possui cerca de 40 milhões de hectares sob plantio direto, 18 milhões de hectares sob iLPF, 32 milhões de hectares com fixação biológica do nitrogênio na soja, e 9 milhões de hectares com recuperação de pastagens. Essas práticas geram benefícios econômicos, sociais e ambientais para os produtores rurais e para a sociedade.

No cenário internacional, a agricultura de baixo carbono também tem ganhado destaque como uma estratégia para enfrentar os desafios globais da produção sustentável de alimentos.

Diversos países têm adotado políticas públicas, incentivos financeiros, programas de capacitação e transferência de tecnologia para estimular a adoção dessas práticas pelos agricultores. Alguns exemplos são a França, com o programa “4 por 1000”, que visa aumentar o estoque de carbono no solo em 4% ao ano; a China, com o programa “Grain for Green”, que promove o reflorestamento em áreas agrícolas; e os Estados Unidos, com o programa “Conservation Reserve Program”, que paga aos produtores para retirarem terras agrícolas da produção e implantarem coberturas vegetais.

Perspectivas futuras da agricultura de baixo carbono

A agricultura de baixo carbono tem um grande potencial para se expandir no Brasil e no mundo nos próximos anos, diante da crescente demanda por alimentos e da urgência em combater as mudanças climáticas.

No entanto, há também diversos desafios a serem superados para que essa expansão ocorra de forma efetiva e equitativa. Alguns desses desafios são:

  • Aumentar a conscientização dos produtores rurais sobre os benefícios da agricultura de baixo carbono e as formas de implementá-la;
  • Ampliar o acesso dos produtores rurais ao crédito rural, ao seguro agrícola, à assistência técnica e à extensão rural;
  • Fortalecer as cadeias produtivas da agricultura familiar e da agroecologia, que são importantes agentes da agricultura de baixo carbono;
  • Desenvolver e difundir novas tecnologias e inovações que se adaptem às diferentes realidades e necessidades dos produtores rurais;
  • Estabelecer mecanismos de monitoramento, verificação e relato das emissões e remoções de GEE na agropecuária;
  • Criar mecanismos de valorização e remuneração dos serviços ambientais prestados pelos produtores rurais que adotam a agricultura de baixo carbono.

A agricultura de baixo carbono é, portanto, uma oportunidade para o Brasil e o mundo de produzirem alimentos de forma sustentável, gerando renda, emprego, desenvolvimento e conservação ambiental. Para isso, é preciso que haja uma articulação entre os diferentes atores envolvidos no setor agropecuário, como governos, empresas, organizações da sociedade civil, instituições de pesquisa e ensino, e, principalmente, os produtores rurais.


Fontes: Ministério da Agricultura; Embrapa; AgroSmart