Pesquisadoras da Uerj entram para o prestigiado grupo do IPCC da ONU

Professoras vão atuar no relatório do 7º Ciclo de Avaliação

Brasília (DF) 17/05/2023 - Por do sol no memorial Juscelino Kubitschek (JK), as temperaturas globais devem subir a níveis recordes nos próximos cinco anos, diz ONU
Novo estudo da Organização Meteorológica Mundial diz que há uma probabilidade de 66% de a média anual de aquecimento ultrapassar o limite de 1,5°C entre 2023 e 2027. Previsão é que um dos próximos 5 anos seja o mais quente desde o início dos registros.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Duas pesquisadoras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foram selecionadas para integrar o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU responsável por avaliar o estado do clima global. Elas fazem parte de um grupo restrito de 664 especialistas de 111 países escolhidos pelo IPCC para compor o relatório do 7º Ciclo de Avaliação.

De acordo com a Uerj, apenas 18 pesquisadores brasileiros integram esse ciclo, sendo a universidade estadual a única instituição do país com duas mulheres participando, o que evidencia a excelência científica da instituição e a presença feminina em espaços estratégicos de formulação de políticas globais baseadas em evidências científicas.

O relatório do IPCC é uma das principais referências internacionais sobre a crise climática, utilizado por todos os países signatários da ONU para orientar decisões governamentais, acordos internacionais e estratégias de adaptação e mitigação. Embora recomende políticas públicas e ações, o documento não obriga as nações a adotá-las.

A cada ciclo de avaliação, os especialistas analisam os conhecimentos mais recentes sobre indicadores físicos das mudanças climáticas, seus impactos, riscos associados e as possibilidades de resposta por meio de adaptação e mitigação. A primeira reunião dos autores-líderes e coordenadores dos três grupos de trabalho do 7º ciclo ocorreu em dezembro, em Paris.

Os três grupos de trabalho do IPCC abordam diferentes dimensões das mudanças climáticas: o Grupo 1 trata das bases físicas do clima; o Grupo 2 analisa impactos, vulnerabilidades e estratégias de adaptação; e o Grupo 3 foca na mitigação de gases de efeito estufa. O ciclo será concluído em 2028, com o lançamento do Relatório de Síntese.

Como signatário da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o Brasil pode indicar cientistas para integrar o painel, cabendo ao IPCC fazer a seleção com base na área de atuação, especialidades e produção científica. As professoras Letícia Cotrim e Luciana Prado, ambas da Faculdade de Oceanografia da Uerj, foram escolhidas como autora-coordenadora e autora-líder do Grupo de Trabalho 1, respectivamente.

Letícia Cotrim, do Departamento de Oceanografia Química, já atuou como autora-líder no 6º Ciclo de Avaliação (2018-2021). Ela participa como uma dos três autores coordenadores do capítulo 4, que aborda avanços no entendimento de processos no sistema terrestre e mudanças relacionadas ao clima. “Dentro do escopo delineado pelo IPCC para este capítulo, entram aspectos do funcionamento de ecossistemas terrestres, marinhos e costeiros, e suas interações com a atmosfera e a criosfera”, explica.

Luciana Prado, do Departamento de Oceanografia Física e Meteorologia, afirma que sua seleção representa um marco importante na carreira, especialmente considerando o número de inscrições globais para o 7º ciclo. Ela participará do Capítulo 2, que fará um diagnóstico global das mudanças climáticas observadas nas últimas décadas. “Minha parte está relacionada a compilar estudos de paleoclimatologia, ou seja, do clima passado. Assim, conseguimos entender melhor como o sistema climático funciona para fazer projeções futuras mais precisas”, explica.

Os temas do Grupo de Trabalho 1 incluem gases de efeito estufa, mudanças de temperatura, ciclo hidrológico, eventos extremos, geleiras, elevações do nível do mar, ciclo do carbono e sensibilidade climática. A avaliação científica combina observações, dados de paleoclima, estudos de processos, teoria e modelagem, oferecendo uma visão abrangente do sistema climático, de sua evolução e das causas das mudanças observadas. O processo de elaboração dos relatórios inclui revisões por cientistas e governos antes da aprovação do sumário final, que orienta compromissos internacionais.

O próximo encontro dos autores do IPCC está previsto para abril de 2026, em Santiago, no Chile.

“A minha parte está relacionada a compilar os estudos que foram feitos para climas passados, é a paleoclimatologia. Olhando para essas situações, a gente consegue entender melhor como o sistema climático funciona para fazer melhores projeções futuras”, completa Luciana.

Grupo de Trabalho 1

Os temas analisados pelo Grupo de Trabalho 1 incluem gases de efeito estufa e aerossóis na atmosfera; mudanças de temperatura do ar, da terra e dos oceanos; ciclo hidrológico e alterações nos padrões de precipitação; eventos climáticos extremos; geleiras e calotas polares; oceanos e elevação do nível do mar; biogeoquímica e o ciclo do carbono; além da sensibilidade climática.

A avaliação científica combina observações, dados de paleoclima, estudos de processos, teoria e modelagem, oferecendo uma visão abrangente do sistema climático, de sua evolução e das causas das mudanças observadas. O processo de elaboração dos relatórios prevê ainda rodadas de revisão por cientistas e governos signatários, antes da aprovação do sumário final, que orienta compromissos internacionais.

O próximo encontro dos autores do IPCC está previsto para abril de 2026, em Santiago, no Chile.

Fonte: Agência Brasil