Agroindústria

Bunge e Viterra planejam fusão de mais de 30 bilhões de dólares para formar gigante do agronegócio

A gestão da nova empresa será liderada pela equipe da Bunge, sob a supervisão do presidente-executivo Greg Heckman

Bunge e Viterra planejam fusão de mais de 30 bilhões de dólares para formar gigante do agronegócio. Foto: Reprodução/Twitter.

A Bunge, gigante do comércio de grãos, está finalizando um acordo de fusão com a Viterra, empresa na qual a Glencore é acionista, para criar um gigante do comércio agrícola com valor estimado em mais de 30 bilhões de dólares, incluindo dívidas. Fontes próximas ao assunto revelaram que o acordo está em estágio avançado e poderá ser anunciado em breve.

O contexto geopolítico atual, com a guerra na Ucrânia, tem gerado preocupações sobre a segurança do fornecimento global de alimentos. Por isso, órgãos reguladores antitruste estão analisando o impacto potencial desse negócio no mercado. A Bunge, avaliada em cerca de 14 bilhões de dólares e com dívida líquida de aproximadamente 2,7 bilhões, planeja financiar a maior parte do acordo com ações, mas também utilizará dinheiro e já garantiu financiamento junto a bancos.

A gestão da nova empresa será liderada pela equipe da Bunge, sob a supervisão do presidente-executivo Greg Heckman. Os acionistas privados da Viterra, incluindo a Glencore, o Canada Pension Plan Investment Board e a British Columbia Investment Management Corp, podem assinar o acordo ainda neste fim de semana, desde que as negociações sejam concluídas com êxito.

Embora o anúncio do acordo esteja previsto para a próxima semana, as fontes alertam para a possibilidade de que ele possa ser desfeito no último minuto. O valor final do acordo pode variar de acordo com o movimento das ações da Bunge no momento da assinatura.

Até o momento, a Glencore, a Viterra e a Bunge não comentaram oficialmente sobre o assunto. O comércio global de commodities agrícolas, como trigo, milho e soja, já é concentrado entre a Bunge e outras três grandes empresas, conhecidas como “ABCD” – Archer-Daniels-Midland, Cargill e Louis Dreyfus. Essas companhias têm obtido lucros expressivos devido à interrupção dos embarques causada pela guerra na Ucrânia e ao consequente aumento nos preços das safras.

No ano passado, a Bunge foi a maior exportadora de milho e soja do Brasil, principal fornecedor mundial dessas culturas para a produção de ração animal e biocombustíveis, segundo dados da Cargonave, agente de transporte. A Viterra ocupou a terceira posição como exportadora de milho e a sétima como exportadora de soja.

A aquisição da Viterra pela Bunge colocará as receitas da empresa, que totalizaram 67,2 bilhões de dólares em 2022, em linha com as da Archer-Daniels-Midland, que registrou vendas de quase 102 bilhões no ano passado. Além disso, fortalecerá os negócios da Bunge no setor de exportação de grãos e processamento de sementes oleaginosas.

Vale ressaltar que essa não é a primeira tentativa de acordo entre as duas empresas. Em 2017, a Viterra, então chamada Glencore Agriculture, fez uma oferta de aquisição da Bunge no valor de 11 bilhões de dólares, que foi rejeitada pela Bunge em maio daquele ano.

No ano passado, a Viterra expandiu suas atividades de compra e venda de grãos nos Estados Unidos ao adquirir a Gavilon por 1,1 bilhão de dólares.


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Fonte: Investing.