Um estudo realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste demonstrou que o fornecimento de sombreamento artificial em sistemas de confinamento de bovinos de corte pode reduzir as pegadas hídrica e da terra, além de aumentar a eficiência nutricional. Em média, as pegadas hídrica (relacionada ao uso da água) e terrestre (relacionada ao uso da terra) foram 3% e 7% menores, respectivamente, nas áreas com sombra em comparação com as instalações a pleno sol.
O estudo avaliou três indicadores: pegada hídrica, pegada de uso da terra e eficiência do uso dos nutrientes nitrogênio (N) e fósforo (P). As pegadas foram avaliadas em cenários agrícolas diversos, incluindo o cultivo de soja e milho em estados como Paraná e São Paulo. Esta pesquisa é pioneira ao considerar de maneira holística as eficiências de água, terra e nutrientes, além das sinergias entre esses três indicadores.
O pesquisador Julio Palhares enfatiza que as mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e eventos climáticos extremos mais frequentes, afetarão negativamente o desempenho da pecuária de corte. Esses fenômenos climáticos impactam o consumo de alimentos, os padrões comportamentais dos animais, o uso de água e a eficiência na conversão de nutrientes em carne. Portanto, é importante adotar uma gestão responsável e utilizar tecnologias para mitigar esses efeitos e melhorar a gestão ambiental na pecuária.
O estudo indicou que fornecer sombra artificial, além de melhorar o bem-estar animal, impacta diretamente o desempenho ambiental. A pesquisadora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP) Taisla Novelli ressalta que tecnologias que reduzam o estresse térmico e proporcionem mais conforto climático aos bovinos devem ser consideradas para aumentar a eficiência no uso de recursos pela pecuária de corte.
Os resultados do estudo da Embrapa Pecuária Sudeste mostram que o sombreamento artificial em sistemas de confinamento de bovinos de corte levou a uma redução nas pegadas hídrica e terrestre, bem como a uma melhora na eficiência do uso de nutrientes. Os principais pontos incluem:
- Redução das Pegadas Hídrica e Terrestre: Em média, as pegadas hídrica (relacionada ao uso da água) e terrestre (relacionada ao uso da terra) foram 3% e 7% menores, respectivamente, nas áreas com sombra em comparação com as instalações a pleno sol.
- Impacto do Cultivo de Grãos: Os cenários de cultivo de soja e milho primeira safra em Maringá, PR, resultaram nos menores valores de pegada hídrica e de uso da terra.
- Consumo de Água: Os animais sem acesso à área sombreada tiveram um consumo médio de água azul (água de irrigação) superior aos com acesso à sombra. O consumo total de água pelos animais durante o ciclo produtivo foi 8% maior no tratamento a pleno sol em comparação com o tratamento com sombreamento.
- Eficiência Nutricional: A eficiência no uso de nitrogênio foi de 15,2% a pleno sol, enquanto a eficiência média em relação ao fósforo foi de 35,4%.
- Pegada de Uso da Terra: Todos os cenários de cultivo com milho primeira safra exigiram áreas menores em comparação com outros cenários, indicando uma pegada terrestre menor para dietas baseadas nesse grão.
- Impacto Positivo do Sombreamento: Os animais com acesso à sombra demonstraram melhores eficiências de água, nutrientes e terra. Em média, as pegadas hídrica e terrestre no tratamento com sombra foram 3% e 7% menores, respectivamente, do que no sem sombreamento.
Esses resultados destacam a importância do sombreamento artificial não apenas para o bem-estar dos animais, mas também para o uso eficiente de recursos naturais e insumos na pecuária. A pesquisa enfatiza a complexidade da eficiência na pecuária, que depende de vários fatores, incluindo a formulação adequada da dieta para cada fase do desenvolvimento do animal. A utilização eficiente da ração não só melhora a saúde dos animais como também reduz o impacto ambiental e os custos.
Fonte: Embrapa