Cooperativa de pequenos produtores está exportando o fruto típico do Cerrado Mineiro
A castanha de baru extraída do Cerrado Mineiro acaba de conquistar um novo mercado. A Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase), com sede em Arinos (MG), no noroeste do Estado, fez a primeira exportação de duas toneladas do fruto para Dubai, nos Emirados Árabes.
O produto extraído por agricultores familiares e beneficiado pela cooperativa já vem sendo exportado para os Estados Unidos há três anos. No mercado interno, é vendido em unidades do Carrefour em São Paulo e Brasília.
Dionete Figueiredo, gestora da Copabase, diz que a negociação para exportar o lote durou quase um ano. “A venda é resultado do esforço da cooperativa para promover o produto em feiras nacionais e internacionais”, diz Figueiredo.
A cooperativa participou nos últimos anos de feiras internacionais nos Estados Unidos, no Peru, e já enviou amostras do produto para Alemanha, Suíça, Portugal e Bolívia. Nos últimos três anos, a cooperativa exportou ao todo 12 toneladas de castanha de baru para os Estados Unidos.
A castanha do baru é coletada por aproximadamente 300 agricultores familiares que vivem nos municipios de Arinos, Bonfinópolis de Minas, Buritis, Pintópolis, Riachinho, Urucuia e Uruana de Minas, no noroeste de Minas Gerais. Do total de produtores, 70 são associados à cooperativa.
Esses agricultores têm como principal atividade a produção de frutas, como maracujá, acerola e goiaba, para a indústria de polpa. Atualmente, metade da produção atende escolas públicas em Minas Gerais, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). O restante é vendido no varejo.
Até 2019, 80% da produção era destinada ao Pnae, mas com o fechamento das escolas durante a pandemia de covid-19, a cooperativa precisou buscar novos mercados. Com apoio do Sebrae-MG, a cooperativa passou a oferecer seus produtos para redes de varejo e para exportação.
“Começamos com o desafio de acesso a mercado e temos trabalhado de forma ininterrupta no acompanhamento técnico e econômico do dos produtores rurais. Não adianta ter uma cooperativa grande com produtores empobrecidos. É preciso ter um equilíbrio”, diz Marcos Geraldo Alves, gerente do Sebrae Minas da Regional Noroeste e Alto Paranaíba.
Em meio a esse cenário de mudanças, o baru ganhou espaço como fonte de renda para os agricultores. “O baru acabou virando a galinha dos ovos de ouro, porque é um produto 100% nativo, coletado do bioma local e que gera uma renda extra para os agricultores”, diz Figueiredo. Ela acrescenta que graças à venda da castanha, os produtores locais têm se preocupado mais em preservar as árvores do Cerrado, para garantir a coleta do fruto.
Em 2023, os agricultores da região coletaram 300 toneladas do fruto, que geraram 16 toneladas de castanha beneficiada pela cooperativa.
Atualmente, a Copabase também participa de um experimento com a Fundação Banco do Brasil de sistemas agroflorestais, para cultivar o baru em consórcio com outras culturas e pecuária. Foram plantados 200 pés de baruzeiro em 1 hectare de área há cerca de oito anos, mas as árvores só alcançam alta produtividade a partir do décimo ano de vida.
“Algumas variedades se adaptaram bem ao tereno, outras não”, disse o agricultor Nardelio Ernesto Jacinto, que também participa do projeto. O produtor cultiva acerola e goiaba em dois hectares em Urucuia (MG) e participa da coleta do baru na mata próxima.
“Podemos dizer que a castanha já está se tornando carro-chefe da cooperativa pelo valor alcançado. Já entreguei quase 300 quilos de baru. Nesta safra deve dar uns 450 a 500 quilos”, diz Jacinto.
No mercado doméstico, o preço da castanha de baru beneficiada é vendida por preços entre R$ 60 a R$ 150 o quilo. Para o produtor, o rendimento é baixo. Cada saca de 30 quilos brutos da fruta rende, em média, um quilo de castanha de baru.
Aroldo Mendes Barbosa, agricultor do assentamento de Arinos (MG), diz que as iniciativas para desenvolver a cadeia da castanha de baru na região têm ajudado a melhorar a situação financeira das famílias que fazem a extração do fruto.
“Tem família que entrega mais de mil quilos de baru, chega a ganhar R$ 30 mil por ano. Em época de seca, todos ficam catando a castanha e repassando para a Copabase”, disse Barbosa.
O produtor acrescenta que com a venda da castanha, os produtores pararam de derrubar baruzeiros para usar a madeira. “O povo agora tem mais zelo com as árvores para aproveitar os frutos”, diz Barbosa.