Especialistas, em uma audiência da comissão especial da Câmara dos Deputados sobre transição energética, ressaltaram que o biogás e o biometano ganharão destaque no atual processo de descarbonização de setores poluentes da economia brasileira. A Associação Brasileira do Biogás (Abiogas) aponta que as 885 plantas de produção de biogás existentes representam apenas 4% do potencial brasileiro, enquanto o biometano, com 20 plantas de produção, pode ampliar as perspectivas do setor.
A Abiogas planeja que, até 2029, 70 plantas de biometano estejam em operação, considerando o vasto potencial brasileiro, incluindo 57,6 milhões de metros cúbicos por dia na cadeia sucroenergética e 38 milhões de metros cúbicos por dia na cadeia de proteína animal. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reconhece o crescimento global do biometano e destaca o papel fundamental do Brasil na produção dessa fonte de bioenergia.
A ANP está revisando resoluções internas para impulsionar a produção de biogás e biometano, contribuindo para a descarbonização do setor agropecuário. Durante a audiência, foram apresentados casos de sucesso, como o da Scania, que prevê um futuro eclético para veículos pesados, e da empresa Cocal, líder no setor sucroenergético, que produz biogás e biometano a partir de resíduos da cana-de-açúcar.
O diretor da Cocal projetou a geração de 20 GW de eletricidade e 20 bilhões de metros cúbicos de biometano, demonstrando a viabilidade dessa produção em todo o país. Além disso, fontes como aterros sanitários e centros de reaproveitamento de resíduos são apontadas como potenciais geradoras de biogás e biometano, transformando passivos ambientais em ativos energéticos.
O presidente da comissão externa de transição energética, deputado Arnaldo Jardim, relator do projeto de lei que trata dos “combustíveis do futuro”, destaca a importância da regulação para atender às demandas do setor. A deputada Marussa Boldrin, relatora da proposta de Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), enfatiza a necessidade de posicionar o país competitivamente, com apoio financeiro e incentivos a projetos sustentáveis.
Segundo a ANP, o Programa RenovaBio já evitou 117 milhões de toneladas de CO2 equivalente até janeiro de 2024, reforçando os impactos positivos dos biocombustíveis na matriz energética brasileira.
Fonte: Agência câmara.