O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou a retirada de uma proposta que visava reduzir a contaminação por Salmonella em produtos avícolas crus. A decisão, divulgada na quinta-feira (24/04), gerou críticas de especialistas em segurança alimentar e grupos de defesa do consumidor, que apontam retrocesso na proteção à saúde pública.

A proposta, desenvolvida ao longo de três anos, previa a definição de padrões obrigatórios para o controle da bactéria e exigia procedimentos específicos das indústrias para prevenir a contaminação. A medida era considerada por especialistas um avanço na transição de ações reativas para estratégias preventivas, alinhando a regulamentação à ciência atual e às expectativas do consumidor.
Segundo o USDA, a decisão de abandonar a proposta se baseou no argumento de que as exigências seriam onerosas para os produtores e não garantiriam eficácia no combate à Salmonella. A posição foi bem recebida pela indústria avícola, que já havia manifestado preocupações sobre o impacto financeiro da medida.
O recuo se soma a outras ações recentes do governo que enfraqueceram estruturas voltadas à segurança alimentar. No mês passado, o USDA dissolveu dois comitês consultivos sobre o tema, enquanto a FDA suspendeu um programa de controle de qualidade para testes de leite e derivados.
Para o professor Darin Detwiler, da Northeastern University, a proposta representava um marco esperado na segurança alimentar dos Estados Unidos. Ele afirma que os limites propostos seriam os primeiros com aplicação prática no controle da Salmonella.
A organização Consumer Reports alertou que a retirada da proposta compromete a capacidade de resposta do governo a surtos de doenças causadas por alimentos contaminados. Dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) indicam que a Salmonella provoca cerca de 1,35 milhão de infecções anuais nos EUA, sendo a maioria não diagnosticada. O órgão também alerta para o aumento da resistência da bactéria a antibióticos, o que agrava os riscos à saúde.