Açúcar

Oferta brasileira pressiona preços do açúcar

Depois dos preços do açúcar demerara acumularem alta de 11% na bolsa de Nova York em junho, o mercado da commodity começou julho em baixa. Apesar da reversão do movimento, os analistas ponderam que não se trata de uma anomalia, mas de uma normalização, já que a produção do Centro-Sul do Brasil avança. Os números de produção na …

Foto: PxHere.

Depois dos preços do açúcar demerara acumularem alta de 11% na bolsa de Nova York em junho, o mercado da commodity começou julho em baixa. Apesar da reversão do movimento, os analistas ponderam que não se trata de uma anomalia, mas de uma normalização, já que a produção do Centro-Sul do Brasil avança.

Os números de produção na região são, até o momento, maiores do que no ano passado. Desde o início de julho, os contratos do demerara para outubro acumulam queda de 5,4%.

Além da produção brasileira desde abril até o fim de junho ter superado a do mesmo período da safra anterior em quase 2 milhões de toneladas, segundo a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) as exportações também estão mais aquecidas.

Apenas em junho, o volume foi 335,1 mil toneladas maior do que um ano antes, segundo o Ministério da Agricultura. Nos seis primeiros meses do ano (que inclui o último trimestre da safra 2023/24), as exportações de açúcar bruto foram recordes em valor (US$ 7,2 bilhões) e em quantidade (14,3 milhões de toneladas).

E a tendência é de que a produção açucareira deva ganhar mais força no país. “De julho em diante, novos investimentos na produção de açúcar começam e devem aumentar essa direção, apesar do clima seco do ano passado e das chuvas fora de época tragam pessimismo em relação ao desenvolvimento e a produtividade nos campos de cana-de-açúcar que serão colhidos no fim da safra (outubro a novembro)”, observa Murilo Aguiar, analista da StoneX, em relatório.

Muitas usinas brasileiras investiram em novas fábricas de açúcar ou no “desengargalamento” da produção da commodity do ano passado para cá para aproveitarem os altos preços internacionais e sua vantagem em relação ao etanol – que, na safra passada, praticamente não ofereceu margem de lucro aos produtores.

É comum que a curva de preços do açúcar seja mais pressionada entre abril e julho, observa Arnaldo Corrêa, analista da Archer Consulting.

“Em abril, a média de preços em Nova York foi de 20,32 centavos de dólar por libra-peso, em maio foi de 18,82 centavos e em junho de 19,18 centavos por libra-peso. É o melhor período para os consumidores industriais fixarem suas compras, inclusive para as próximas duas safras”, avaliou.

Desta forma, enquanto os números da oferta brasileira se mantiverem elevados, os preços ainda devem encontrar resistência para subir. Porém, os analistas ponderam que também há fatores altistas no mercado.

Cenário internacional

Quanto à Índia, há sinais mistos. Rumores correm no mercado de que o país tem 9 milhões de toneladas de açúcar em estoque, após praticar uma política de garantir o abastecimento nacional. Com esse volume, especula-se se o país pode liberar de novo as exportações, disse Corrêa.

Além disso, alguns Estados-chave para a produção de cana receberam mais chuvas de monções recentemente, como em Uttar Pradesh, Maharashtra e Karnataka, lembrou Aguiar. Por outro lado, essas chuvas foram tão elevadas que chegaram a alagar algumas lavouras de cana em Uttar Pradesh.

Outro sinal é que o mercado de açúcar pode encontrar algum suporte quando forem reforçadas as perspectivas de quebra na safra de cana no Centro-Sul no fim do período da moagem, e devido a fatores macroeconômicos, como queda do dólar, movimento dos fundos, queda dos juros no Brasil e recuperação do mercado de etanol, segundo o analista da Archer Consulting.