Por meio de uma parceria entre a Embrapa e associações de criadores, tecnologia reunirá informações levantadas por programas de melhoramento ao longo de 40 anos
Pesquisadores da Embrapa estão trabalhando com associações de criadores das raças Holandesa, Gir Leiteiro e Girolando para criar uma ferramenta de avaliação genômica baseada nos dados reunidos ao longo de quatro décadas de seleção genética no país.
Em fase de desenvolvimento, a tecnologia está em processo de incorporação dos dados dos respectivos programas de melhoramento em curso com previsão de ser lançada em 2026 a partir de parceria com empresas privadas que atuem no mercado de genética. As companhias interessadas poderão se inscrever em edital lançado pela estatal.
A ideia inicial é avaliar as características de produção de leite em até 305 dias e a idade ao primeiro parto. A reunião das informações das diferentes linhagens genéticas, segundo os pesquisadores, permitirá aos produtores identificar quais os melhores touros Gir Leiteiro para o cruzamento com vacas Holandesas, e vice-versa, visando obter o melhor Girolando a partir de uma análise única de dados dos três programas.
As avaliações contemplarão aspectos genômicos (do DNA dos animais), características que são expressas (chamadas de fenótipos), como produção leiteira, e pedigree, para obter a classificação dos touros de acordo com a composição racial das progênies que se quer obter.
“A avaliação genômica multirracial é um avanço possibilitado pelo conhecimento e pela experiência acumulados nos programas de seleção dessas raças leiteiras,” explica o pesquisador da Embrapa Claudio Napolis Costa.
Desse modo, afirma, será possível mitigar a endogamia e o risco de defeitos genéticos no cruzamento dos animais.
“Isto é particularmente benéfico para características com baixa herdabilidade ou dados limitados em raças individuais, conforme já demonstrado por resultados preliminares obtidos pela nossa equipe”, detalha o também pesquisador da Embrapa, Marcos Vinícius da Silva.
Nos últimos 20 anos, o fator genético foi responsável por um incremento de 28% na produção de leite de vacas da raça Girolando e de 31% entre os animais Gir Leiteiro, segundo números apresentados pelas respectivas associações de criadores.
De acordo com a Embrapa, o Brasil produziu 35,4 bilhões de litros de leite em 2023 com um rebanho de 15,7 milhões de vacas ordenhadas, número semelhante ao existente no início da década de 1980, quando o Brasil produzia apenas 11,2 bilhões de litros.