O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), anunciou a criação do Centro Virtual de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono. O centro tem como objetivo conectar empresas do setor de energia a laboratórios especializados em soluções de baixo carbono e potenciais financiadores. Essa iniciativa foi lançada na quinta-feira, dia 15 de junho.
De acordo com a vice-diretora da Coppe, Suzana Kahn, as soluções de baixo carbono têm o potencial de beneficiar diversos setores da economia, incluindo melhorias nos processos produtivos de siderúrgicas, indústrias de cimento e logística em empresas de transporte, contribuindo assim para uma significativa redução nas emissões de gases de efeito estufa.
Kahn explicou ainda que foi estabelecida uma rede entre os diversos laboratórios da instituição por meio de um mapeamento abrangente. Um dos laboratórios que fará parte do centro é o Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano), que se concentra na aproveitamento da energia das ondas, geração eólica offshore (no mar) e energia térmica dos oceanos, com aplicações para a indústria de petróleo offshore.
“Nós temos mais de 150 mil metros quadrados de laboratórios e muitos deles, que foram construídos e financiados com verbas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de petróleo e gás, se adequam a questões relacionadas a soluções energéticas”, destacou Kahn.
Cursos de Ensino a Distância (EAD)
Considerando a área relativamente nova de tecnologias de baixo carbono, Suzana Kahn reconheceu que ainda há falta de conhecimento sobre essas tecnologias emergentes, suas vantagens e desvantagens, seus impactos e fontes de energia renovável. Nesse sentido, o Centro Virtual oferecerá cursos de ensino a distância em formato modular.
O primeiro curso, com início previsto para agosto, terá como foco a energia dos oceanos. Os participantes terão a flexibilidade de criar seu próprio currículo personalizado com base em aspectos econômicos e áreas de interesse.
As empresas também terão a oportunidade de oferecer cursos para seus funcionários, alinhados com as áreas de atuação de cada negócio. Para se inscrever nos cursos, é necessário possuir diploma de graduação.
O curso introdutório disponível para o público em geral abordará as mudanças climáticas e também está programado para começar em agosto. Dois cursos adicionais estão previstos para outubro, com foco em biomateriais para construção civil e hidrogênio.
Colaboração entre Indústria e Academia
Durante o debate “Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono: Competências e Visão de Futuro”, organizado pela Coppe e com a participação de executivos de várias empresas de energia, houve consenso sobre a necessidade de uma maior colaboração entre a indústria e a academia.
Suzana Kahn enfatizou a existência de lacunas nos métodos de trabalho, processos de pensamento e sincronização entre as partes. Abordar essa questão foi reconhecido como crucial, pois ambos os lados podem se beneficiar. A indústria pode aproveitar o conhecimento da universidade, enquanto a universidade pode se envolver com os desafios urgentes da indústria.
A regulamentação também foi discutida, especialmente no que se refere a parcerias entre universidades federais e empresas privadas.
Os participantes também debateram a dependência do Brasil em relação à importação de equipamentos para a produção de energia. “Muitas vezes, acabamos importando equipamentos mesmo tendo recursos petrolíferos abundantes”, observou um dos participantes.
Esse debate fez parte da série “Agenda Coppe e Sociedade”, que integra as celebrações dos 60 anos da instituição.