Fertilizantes

Venda de fertilizante começa a dar sinais de reação no país

Queda dos juros, redução do preço de alguns produtos e receio com problemas na distribuição impulsionaram as compras A comercialização de fertilizantes para o plantio da próxima safra no Brasil, a 2024/25, plantada no segundo semestre, está começando a reagir, após mais de um ano de lentidão nos negócios no campo. Embora o ritmo ainda esteja abaixo …

Queda dos juros, redução do preço de alguns produtos e receio com problemas na distribuição impulsionaram as compras

A comercialização de fertilizantes para o plantio da próxima safra no Brasil, a 2024/25, plantada no segundo semestre, está começando a reagir, após mais de um ano de lentidão nos negócios no campo. Embora o ritmo ainda esteja abaixo do de anos anteriores, as vendas estão melhores do que em 2023. A redução dos juros, a queda dos preços dos insumos e o receio com eventuais problemas logísticos para a distribuição nos próximos meses ajudam a explicar o fenômeno.

Até maio, os produtores já haviam comprado 51% do volume de adubo necessário para uso no segundo semestre deste ano, de acordo com um levantamento da consultoria StoneX ao qual a reportagem teve acesso com exclusividade.

Um ano antes, a comercialização de fertilizantes para o segundo semestre estava em 44%. Já em maio de 2022, época em que os produtores ainda se antecipavam mais nas compras, o ritmo de comercialização era de 60%. O segmento de adubos espera agora recuperar esse patamar.

“Tocamos em novembro de 2023 e fevereiro deste ano os pontos mais baixos da série histórica de comercialização de adubo. Mas o resultado de maio já mostra reversão”, diz Marcelo Mello, chefe da área de fertilizantes da StoneX.

Para o analista, vários fatores estão impulsionando as vendas. A queda dos juros no Brasil é um dos elementos, já que reduz o custo de financiamento dos produtores para a realização das compras.

Ele acredita, além disso, que cresceu o receio dos produtores com um gargalo logístico na distribuição dos adubos nos próximos meses, o que levou a uma antecipação das compras.

O próprio mercado de fertilizantes também está mais favorável aos produtores. Os preços do potássio sofreram uma forte queda nos últimos meses, o que está resultando em uma relação de troca entre o adubo e soja em um nível “excelente”, avalia Mello.

Em maio do ano passado, a tonelada do cloreto de potássio estava em torno de US$ 400; agora, o preço está próximo de US$ 300. No ápice da crise que a guerra na Ucrânia deflagrou na indústria de fertilizantes, em fevereiro de 2022, o preço do cloreto de potássio chegou a US$ 1,2 mil a tonelada.

Já o preço do MAP segue estável há um ano, em US$ 550 a tonelada. Mesmo assim, segundo Melo, houve uma “forte pressão vendedora” do produto em maio.

A pesquisa da StoneX mostra os Estados do Centro-Oeste e Rondônia como a área onde os produtores estão mais adiantados na compra de fertilizantes, com um índice de 59% — sete pontos percentuais a mais do que no ano passado.

A estiagem no Centro-Oeste pode atrasar mais uma vez o início de plantio de soja. Porém, com receio de falta de adubo, produtores decidiram antecipar as compras e armazenar.

É o caso da produtora Renata Ferguson, que planta soja e milho Rio Verde (GO). “Comprei todo o adubo necessário para evitar surpresas com preço ou com entregas atrasadas”, disse ela ao Valor.

Em São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, o ritmo de compras também está mais avançado, com 48% do adubo comprado até maio, acima dos 34% de um ano atrás.

Já nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, Pará, Pernambuco e Paraíba, as compras estão mais atrasadas do que no ano passado, em 49% até maio, abaixo dos 57% de um ano atrás.

No Sul, as aquisições de adubo estão em 47%, acima dos 40% de um ano atrás. O levantamento não considerou os prejuízos no Rio Grande do Sul com as enchentes.

A consultoria analisou cerca de 29 milhões de hectares, equivalente a 44% das lavouras de grãos para a safra 2024/25.

A pesquisa também contabilizou o índice de compras de adubos para o primeiro semestre de 2025, que já é de 20%. Um ano antes, as aquisições para o primeiro semestre seguinte estavam em 22%, e em 2021 chegaram a 28%.

(Colaborou Camila Souza Ramos)