Ciclone no Sul: alerta aceso e impacto potencial no plantio de soja

Ciclone extratropical acende alerta no Sul, ameaçando plantio de soja com excesso de chuva e risco de doenças. Produtores devem redobrar atenção com temporais e granizo.

plantio de soja
Foto: Reprodução Canal Rural

O plantio da soja atingiu quase metade da área plantada, com 47,1% da semeadura concluída, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em boa parte das regiões produtoras a chuva contribuiu para os trabalhos em campo, embora a atenção agora fique por conta da passagem de um ciclone extratropical entre esta sexta-feira (7) e o sábado (8).

Segundo Arthur Müller, meteorologista, o alerta vale para Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul de Minas Gerais. Nesses estados, exceto o Paraná, a semeadura da oleaginosa está atrasada na comparação com o ano passado e na média dos últimos cinco anos.

Distribuição de chuva por região

Apesar do panorama geral de chuvas ser favorável para o andamento do plantio de soja, a distribuição de umidade do solo está desigual no país. Enquanto o Sul e o Sudeste apresentam boas condições, áreas mais ao sul de Mato Grosso e norte de Mato Grosso do Sul estão sofrendo com a falta de chuva.

No Matopiba, de forma geral, a chuva tem vindo com mais frequência. Nas demais áreas, por outro lado, o meteorologista lembra que ainda precisa chover mais. “Principalmente nas regiões da tríplice divisa do Centro-Oeste, áreas centrais do Tocantins e boa parte do centro-norte de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e também do Piauí”, diz Müller.

Pontos de atenção na soja

A chuva pode beneficiar o cultivo, mas o excesso dela pode prejudicar as plantas em fase de desenvolvimento inicial. “No momento em que ocorre esse tipo de evento, o cultivo fica mais vulnerável a doenças. A longo prazo, isso resulta em diminuição da produtividade”, afirma o especialista.

Para o produtor paranaense, a atenção tem que ser redobrada. No fim de semana passado o estado foi atingido por uma forte tempestade, que trouxe prejuízos em áreas agrícolas e urbanas. Diante disso, Müller alerta que o ciclone deve trazer novos temporais para a região, com chance de queda de granizo e rajadas de vento que podem passar de 100 km/h.

No longo prazo, porém, a tendência para o Paraná é de um clima mais favorável. “A chuva deve ficar bem distribuída — dentro ou até um pouco acima da média para o período. Estamos falando de volumes que podem passar de 100 a 150 milímetros, mais do que o suficiente para garantir uma boa produção”, avalia.

No Sul, como um todo, o ponto de atenção segue sendo a umidade baixa. Müller destaca as áreas do sudeste do Rio Grande do Sul, especialmente em Bagé e Dom Pedrito. “É preciso esperar chover entre 70 e 100 milímetros em uma semana, pelo menos, para garantir uma boa umidade”, explica. O que tem acontecido é o registro de chuvas de 20 a 30 milímetros.

Para a região Norte, a orientação é esperar a chuva cair com mais frequência, o que deve acontecer no final de novembro. “A partir de dezembro já começa a haver maior influência da Zona de Convergência Intertropical, favorecendo a incidência de precipitações”, conclui.

Fonte: Canal Rural.