No Amazonas, mais de 60% da exploração madeireira ocorre de forma ilegal

Estudo do Imazon mapeou retirada ilegal de madeira no estado

DESMATAMENTO AMAZONIA - FILE PHOTO: An aerial view shows a deforested area during an operation to combat deforestation near Uruara, Para State, Brazil January 21, 2023. REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo
DESMATAMENTO AMAZONIA – FILE PHOTO: An aerial view shows a deforested area during an operation to combat deforestation near Uruara, Para State, Brazil January 21, 2023. REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo

Dos 68 mil hectares de exploração madeireira no Amazonas, 42 mil hectares estavam sendo utilizados sem autorização dos órgãos ambientais, representando 62% da área total. A pesquisa, conduzida anualmente pela Rede Simex, composta pelo ICV, Imaflora e Imazon, mapeou a atividade por meio de imagens de satélite e cruzou os dados com as autorizações emitidas pelos órgãos ambientais, abrangendo o período de agosto de 2023 a julho de 2024. Comparado ao levantamento anterior, realizado de agosto de 2022 a julho de 2023, quando 38 mil hectares foram explorados sem autorização, houve um aumento de 9% na área de exploração ilegal.

Camila Damasceno, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, destacou a gravidade desse aumento, ressaltando que a exploração ilegal de madeira financia outros crimes ambientais, como queimadas e desmatamento. “Além disso, também prejudica o mercado legalizado de madeira, que faz a remoção das árvores por meio do manejo florestal sustentável e gera empregos e impostos para o Amazonas”, afirmou.

Enquanto isso, a exploração de madeira autorizada no estado cresceu de 11,3 mil hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023 para 26,1 mil hectares no período seguinte, um aumento de 131%. Dois municípios do sul do estado, Boca do Acre e Lábrea, concentram 75% de toda a exploração ilegal. Boca do Acre lidera o ranking, com 20,5 mil hectares de madeira ilegal, enquanto Lábrea possui 10,9 mil hectares na mesma situação.

Camila alertou que esses municípios estão na região de expansão agropecuária conhecida como Amacro, na divisa do Amazonas com o Acre e Rondônia. “A extração de madeira nesses territórios pode indicar desmatamento futuro para grilagem ou produção de grãos e gado, reforçando a necessidade de ampliar a fiscalização e impedir a entrada de produtos ilegais no mercado”, afirmou.

A exploração ilegal de madeira também invade áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação, representando uma ameaça à biodiversidade e à sobrevivência das comunidades tradicionais que dependem da floresta. “A entrada de invasores nessas áreas ameaça os povos e comunidades tradicionais, que dependem da floresta em pé para manter seu modo de vida”, explicou Camila.

O levantamento revelou que 13% da madeira retirada irregularmente, cerca de 5,6 mil hectares, ocorreu em áreas protegidas, sendo 9% em terras indígenas (3,9 mil hectares) e 4% em unidades de conservação (1,6 mil hectares). Apesar de uma redução de 19% em relação ao estudo anterior, quando foram mapeados 6,9 mil hectares de exploração ilegal nessas áreas, a quantidade ainda equivale a mais de cinco mil campos de futebol. Além dos impactos ambientais, a atividade ilegal provoca perda de biodiversidade e conflitos sociais.

Boca do Acre

Dados públicos, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e o Programa Terra Legal, indicam que 32,5 mil hectares da exploração irregular ocorreram em imóveis rurais registrados nesses bancos de dados, representando 77% do total. Segundo o Imazon, essa informação demonstra que os órgãos públicos possuem dados suficientes para fiscalizar e punir a atividade ilegal nessas áreas.

As florestas públicas não destinadas (FPNDs) também foram destaque na análise, com 3,3 mil hectares de exploração ilegal, o equivalente a 8% do total. Essas áreas de domínio público ainda não tiveram seu uso oficialmente definido, seja como unidade de conservação ou terra indígena. Especialistas ressaltam que destinar essas terras a povos tradicionais ou à conservação é uma medida urgente para proteger o patrimônio público e ambiental dos amazonenses e brasileiros.

Terras protegidas

A exploração ilegal de madeira, afirmou a pesquisadora, invade áreas protegidas do estado, como terras indígenas e unidades de conservação, o que é uma preocupação não apenas em relação à degradação ambiental, mas à sobrevivências das comunidades que ocupam esses locais.

“A entrada de invasores para retirada de madeira desses territórios ameaça os povos e comunidades tradicionais, que dependem da floresta em pé para manter seu modo de vida”, explicou Camila.

O levantamento apontou que 13% da retirada de madeira irregular (5,6 mil hectares) ocorreu em áreas protegidas, sendo 9% em terras indígenas (3,9 mil hectares) e 4% em unidades de conservação (1,6 mil hectares). Houve queda de 19% na exploração ilegal em áreas protegidas em relação ao estudo anterior, quando foram mapeados 6,9 mil hectares, dos quais 6,4 mil em terras indígenas.

Apesar da redução, a retirada irregular atingiu uma área superior a 5 mil campos de futebol dentro das áreas protegidas. O Imazon ressalta que, além das emissões de carbono resultantes da degradação, há perda de biodiversidade e conflitos sociais com a extração ilegal de madeira.

Os imóveis rurais presentes em bancos de dados públicos, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e o Programa Terra Legal, foram responsáveis por 32,5 mil hectares da área com exploração irregular de madeira, o que representa 77% do total. Segundo avaliação do Imazon, esse resultado mostra que os órgãos públicos têm dados para fiscalizar e punir a atividade ilegal nessas áreas.

Outra categoria que chamou a atenção dos pesquisadores em relação à retirada ilegal de madeira no Amazonas é a de florestas públicas não destinadas (FPNDs), com 3,3 mil hectares (8%). As FPNDs são áreas de floresta de domínio público (União, estados ou municípios) que ainda não tiveram seu uso oficialmente definido, seja como unidade de conservação ou terra indígena.

“Por isso, destinar essas terras a povos e comunidades tradicionais ou à conservação é uma ação urgente de proteção do patrimônio público e ambiental dos amazonenses e dos brasileiros”, concluiu o instituto.

Fonte: Agência Brasil