As discussões envolvendo o novo Plano Safra ganharam ritmo em junho. Representantes de associações e parlamentares articularam com o Governo Federal um Plano Agrícola e Pecuário que atenda as demandas do setor. Em meio a este “estica e puxa”, o setor financeiro está receoso em conceder crédito ao agronegócio, especialmente no setor de grãos. A safra 2023/2024 está enfrentando sérios desafios, com fatores climáticos adversos e uma queda significativa nos preços.
“Tenho acompanhado discussões de agentes financeiros sobre os índices de inadimplência que estão alarmantes. O maior dos últimos cinco a sete anos. A insegurança no setor é palpável, com bancos preferindo conceder crédito apenas aos produtores mais robustos e agroindústrias de maior liquidez, deixando outros players do agronegócio em uma situação delicada”, avalia Wolney Arruda Filho, Presidente do Plantae Agrocrédito e também produtor rural.
Outro ponto que tem preocupado o setor financeiro e os produtores rurais é a questão dos juros. Com a taxa de juros se mantendo em alta, próximo ao nível do Plano Safra 2023/2024, e o déficit fiscal do governo aumentando, está difícil fechar a conta e articular com outros Ministérios um Plano Safra que surpreenda o setor.
“O cenário fiscal do país, agravado por gastos imprevistos, como a recente tragédia no Rio Grande do Sul, também pesa contra uma política de crédito mais robusta. A demanda anual do setor do agronegócio é próxima de R$ 1 trilhão, com cerca de 35% supridos pelo Plano Safra e o restante por diversas linhas de crédito. No entanto, o ambiente atual impõe uma cautela sem precedentes,” explica o presidente.
A inadimplência alta é um reflexo das condições adversas. As características específicas de alguns produtos e a estrutura de contratos fixos ajudaram algumas empresas a sair ilesas, mas a maioria não teve essa sorte. Wolney acredita que o diferencial do Banco Plantae foi conhecer de perto a realidade do produtor rural. “A gente conseguiu um índice de inadimplência muito baixo devido às características do nosso produto. As estratégias de mitigação de riscos e o uso de novas tecnologias foram cruciais para navegar por esses tempos”, completa Wolney.