Leite

Mercado de leite mostra estabilidade no RS, mas deve ter desafios em 2025

Preços pagos ao produtor aumentaram em outubro, informa o Conseleite-RS O Conseleite-RS anunciou, nesta terça-feira (29/10), o valor de referência do leite para o mês de outubro, fixado em R$ 2,5844 no Rio Grande do Sul. Segundo o vice-coordenador do Conseleite-RS, Darlan Palharini, a projeção se baseia em dados coletados nos primeiros 20 dias do mês e …

Preços pagos ao produtor aumentaram em outubro, informa o Conseleite-RS

No RS, mercado de leite apresenta estabilidade há cerca de 90 dias — Foto: Wenderson Araujo/CNA

O Conseleite-RS anunciou, nesta terça-feira (29/10), o valor de referência do leite para o mês de outubro, fixado em R$ 2,5844 no Rio Grande do Sul.

Segundo o vice-coordenador do Conseleite-RS, Darlan Palharini, a projeção se baseia em dados coletados nos primeiros 20 dias do mês e representa um aumento em relação ao mês anterior, sinalizando uma recuperação dos preços. “Há uma certa estabilidade no mercado nos últimos 90 dias, o que fortalece toda a cadeia produtiva”, afirmou Palharini, expressando a expectativa de uma estabilidade na tendência.

O economista e pesquisador da Embrapa Gado de Leite Glauco Carvalho, destacou que, embora o cenário para 2025 seja positivo, existem desafios que podem impactar a rentabilidade no médio prazo, avaliou na manhã desta terça-feira (29/10) em reunião do Conseleite, na sede do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS), em Porto Alegre (RS).

Carvalho apontou que a estabilidade dos preços do leite está atrelada a um crescimento econômico projetado em 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, impulsionado pela expansão do crédito e consumo das famílias. No entanto, ele enfatizou a necessidade de maiores investimentos para garantir o desenvolvimento sustentável do setor.

Um dos principais desafios mencionados é a competitividade do leite brasileiro frente aos produtos importados, cuja entrada no mercado nacional tem aumentado. Carvalho informou que, de janeiro a setembro de 2024, as importações de lácteos cresceram 6%. Ele destacou que a diferença de preços é um fator que favorece a importação, com o leite em pó nacional custando R$ 27,87 e o importado R$ 20,28.

“A importação tende a seguir elevada, pois o produto importado está mais competitivo. A medida do governo para limitar a importação tirou o laticínio da jogada, mas as compras seguem via tradings e varejistas”, disse Carvalho. “O que preocupa é que nossa produção está perdendo participação no abastecimento doméstico”, completou.

Carvalho também mencionou a importância de explorar nichos de mercado de maior valor agregado, especialmente diante de um cenário demográfico e econômico que exige inovação e adaptação às demandas da população.

Segundo o pesquisador, com o baixo crescimento demográfico e com a renda relativamente estagnada na última década, o caminho é explorar potencialidade e funcionalidades, criando demandas em novas faixas de idade e renda. “Aqui temos o papel da inovação e a possibilidade de trabalhar itens diferentes para rendas diferentes. É importante explorar nichos de mercado e inovar, para melhorar as vendas”.

Carvalho afirma que a rentabilidade das operações com produtos como leite UHT e queijo muçarela vem reduzindo no tempo, sendo necessários importantes ganhos de eficiência na indústria para manter a rentabilidade.

Para o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portella, é essencial reduzir os custos de produção para melhorar a competitividade do leite nacional. Ele citou a experiência do setor avícola brasileiro como exemplo de sucesso, onde a redução de custos possibilitou o aumento do consumo interno e a expansão das exportações. Portella ressaltou que a valorização do produtor eficiente deve ser uma prioridade.

Outro ponto abordado na reunião foram os riscos climáticos que afetam a produção. Carvalho relatou que as enchentes no Rio Grande do Sul resultaram em uma perda significativa de produção em maio, com um declínio de 750 mil litros por dia.

Apesar da recuperação, ele alertou que a falta de alimentos adequados para o gado ainda limita a produção. Além disso, ele indicou que, em setembro, o aumento da temperatura em diversas regiões do Brasil impactou a produção. Contudo, a expectativa é de que as condições climáticas se normalizem no próximo trimestre.