Na manhã desta quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que mostram a persistência da queda nos preços ao produtor no Brasil, um cenário que já se mantém por seis meses consecutivos. Além disso, o relatório revelou que a taxa acumulada em 12 meses atingiu um novo patamar mínimo desde o início da série histórica em 2014, com uma queda de 14,07%.
Murilo Alvim, analista da pesquisa no IBGE, destaca que essa tendência de declínio nos preços está ligada a diversos fatores econômicos. “Uma das explicações é a queda do dólar. Com a desvalorização da moeda norte-americana, os preços em reais dos produtos exportados diminuem. Ao mesmo tempo, o custo das matérias-primas importadas também fica reduzido, contribuindo para a pressão deflacionária”, explicou Alvim.
No contexto das 24 atividades analisadas pelo IBGE, 16 registraram quedas de preços na comparação mensal. A principal influência foi identificada na diminuição de 1,36% nos custos de alimentos. Alvim acrescenta que, além da questão cambial, outras variáveis têm impacto significativo. “Há também uma tendência de queda em diversas commodities. Isso é especialmente perceptível no setor de alimentos, onde observamos reduções nos grupos de carnes e laticínios. Essas quedas são atribuídas principalmente à diminuição do custo de aquisição de commodities como milho e soja, que são componentes fundamentais na alimentação animal”, destacou o analista.
As categorias econômicas também sentiram o impacto das quedas de preços em julho. Os bens de consumo apresentaram um declínio de 1,19%, enquanto os bens intermediários e de capital recuaram 0,63% e 0,42%, respectivamente.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) avalia a variação de preços de produtos na etapa “porta da fábrica”, excluindo impostos e fretes, considerando 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. O cenário de deflação consecutiva levanta questionamentos sobre os impactos econômicos a longo prazo e as possíveis estratégias do governo para enfrentar essa tendência.
Fonte:Notícias Agrícolas