A transição energética é um processo de mudança do modelo atual de produção e consumo de energia, baseado em fontes poluentes e não renováveis, para um modelo mais sustentável, que utiliza fontes limpas e renováveis. Essa mudança é necessária para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) que causam o aquecimento global e as mudanças climáticas, e também para garantir a segurança energética, a competitividade econômica e a qualidade de vida das pessoas.
Essa mudança envolve não apenas a substituição de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) por fontes renováveis (hidrelétrica, eólica, solar, biomassa, etc.), mas também a melhoria da eficiência energética, ou seja, a capacidade de obter o mesmo resultado com menos energia.
Além disso, a transição energética implica em uma transformação social, econômica, política e cultural, que requer a participação de todos os setores da sociedade e a adoção de novos hábitos de consumo e reaproveitamento de recursos.
Por que a transição energética é importante?
A transição energética é importante porque contribui para mitigar os impactos das mudanças climáticas, que são uma ameaça à vida no planeta.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as atividades humanas são responsáveis por cerca de 97% do aumento da temperatura média global desde a era pré-industrial. A maior parte dessas emissões vem da queima de combustíveis fósseis para gerar energia.
Se nada for feito para reduzir essas emissões, a temperatura pode subir mais de 4°C até o final deste século, provocando graves consequências como o derretimento das calotas polares, o aumento do nível do mar, a perda de biodiversidade, a escassez de água e alimentos, o aumento de doenças e conflitos.
A transição energética também é importante porque traz benefícios econômicos e sociais. Ao utilizar fontes renováveis, que são abundantes e diversificadas, os países podem reduzir sua dependência de importações de combustíveis fósseis, que são caros e sujeitos a flutuações de preço e oferta.
Além disso, as fontes renováveis geram mais empregos e renda do que as fontes fósseis, estimulando o desenvolvimento local e regional. A transição energética também favorece a inclusão social, ao possibilitar o acesso à energia elétrica para milhões de pessoas que ainda vivem sem esse serviço essencial.
Como está a transição energética no mundo?
A transição energética é um desafio global, que exige cooperação entre os países e compromissos concretos para reduzir as emissões de GEE. Em 2015, foi assinado o Acordo de Paris, um tratado internacional que tem como objetivo limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C ou 2°C em relação aos níveis pré-industriais. Para isso, os países signatários devem apresentar suas metas nacionais de redução de emissões (NDCs) e revisá-las periodicamente.
Alguns países já estão avançando na transição energética, investindo em fontes renováveis e políticas públicas para incentivar a eficiência energética.
Segundo o relatório Renewables 2020 da Agência Internacional de Energia (IEA), as fontes renováveis representaram quase 90% do aumento da capacidade instalada de geração elétrica no mundo em 2020. Os países que mais se destacam nesse cenário são China, Estados Unidos, Índia e países da União Europeia.
Como está a transição energética no Brasil?
O Brasil tem um grande potencial para liderar a transição energética na América Latina, pois possui uma matriz elétrica predominantemente renovável, baseada na hidroeletricidade, e recursos naturais abundantes para explorar outras fontes como eólica, solar e biomassa.
Segundo o Balanço Energético Nacional 2020, as fontes renováveis representaram 46,1% da oferta interna de energia do país em 2019, enquanto a média mundial foi de 14,2%.
No entanto, o Brasil ainda enfrenta muitos desafios para consolidar sua transição energética, como a dependência de combustíveis fósseis no setor de transportes, a falta de planejamento e integração entre os setores elétrico e de gás natural, a necessidade de ampliar e modernizar a infraestrutura de transmissão e distribuição de energia, a baixa participação da geração distribuída e da cogeração, a escassez de financiamento e incentivos para projetos de energia renovável e eficiência energética, e a falta de uma política climática robusta e alinhada com os compromissos internacionais.
Perspectivas para o futuro
A transição energética é um processo irreversível e urgente, que demanda ações coordenadas e integradas entre governos, empresas, organizações e cidadãos.
As perspectivas para o futuro são de que as fontes renováveis se tornem cada vez mais competitivas e acessíveis, graças à inovação tecnológica, à redução de custos e à ampliação de escala.
A digitalização também será um fator chave para otimizar o uso da energia, permitindo uma maior interação entre os agentes do setor elétrico e os consumidores finais.
Além disso, a transição deverá ser acompanhada por outras mudanças estruturais, como a eletrificação dos transportes, a economia circular, a bioeconomia, a descentralização da geração, o armazenamento de energia, a integração regional e a educação ambiental. Essas mudanças visam não só reduzir as emissões de GEE, mas também promover o desenvolvimento sustentável, com mais equidade, justiça e bem-estar para todos.
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