O aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, intensificadas após novas sanções impostas por Washington, tem provocado desdobramentos positivos para o agronegócio brasileiro. Como retaliação, o governo chinês suspendeu compras de carne bovina de mais da metade dos fornecedores americanos e passou a intensificar a importação de soja brasileira.

A reconfiguração do comércio global reforça o papel estratégico do Brasil como fornecedor de alimentos. Com maior demanda por grãos e proteína animal, especialistas avaliam que a procura por terras agricultáveis tende a aumentar, aquecendo o mercado fundiário e abrindo espaço para novos investimentos.
Apesar de restrições legais à aquisição de propriedades rurais por estrangeiros, aportes em tecnologia e parcerias comerciais continuam sendo alternativas viáveis. “Temos uma enorme capacidade de expansão agrícola. Mesmo com entraves legais, o investimento em produtividade e tecnologia no campo deve crescer”, analisa Adenauer Rockenmeyer, do Corecon-SP.
No curto prazo, há limitações para uma resposta imediata da produção. A recomposição dos rebanhos e os ciclos das lavouras exigem tempo. Ainda assim, produtores estão atentos ao cenário. A CEO da plataforma Chãozão, Geórgia Oliveira, destaca um aumento de 40% nas buscas por imóveis rurais na última semana, especialmente em estados como Goiás e Mato Grosso.
Diante desse movimento, a previsão da empresa para o mercado fundiário foi revista. “Projetávamos alta de 60% nos anúncios, mas agora trabalhamos com até 200% de crescimento”, afirma Geórgia. A expectativa é de que o Brasil se consolide como principal alternativa à oferta norte-americana, ampliando sua participação nas exportações para a China e abrindo novas frentes comerciais.