Incerteza

Custo dos insumos trava planejamento da safra e pode afetar inflação

A inflação dos alimentos no Brasil tem raízes cada vez mais ligadas ao aumento do custo dos fertilizantes, especialmente no Mato Grosso, maior produtor de soja do país. A volatilidade do dólar, a alta dos juros e a incerteza global sobre oferta e demanda de insumos têm dificultado o planejamento financeiro dos agricultores para a …

A inflação dos alimentos no Brasil tem raízes cada vez mais ligadas ao aumento do custo dos fertilizantes, especialmente no Mato Grosso, maior produtor de soja do país. A volatilidade do dólar, a alta dos juros e a incerteza global sobre oferta e demanda de insumos têm dificultado o planejamento financeiro dos agricultores para a safra 2025/26. Segundo o IMEA, apenas 38,4% dos produtores haviam comprado fertilizantes até fevereiro, número inferior à média dos últimos cinco anos.

Reprodução/freepik

O custo da soja subiu 4,5%, enquanto os fertilizantes aumentaram 7,6%, com destaque para o MAP, que chegou a R$ 4.750 por tonelada. Além dos preços elevados, o cenário é agravado pela relação de troca desfavorável, que exige mais sacas de soja para comprar a mesma quantidade de insumo. Essa situação afeta diretamente a margem dos produtores, que já enfrentam crédito restrito e incerteza quanto à rentabilidade da próxima safra.

Diante desse cenário, muitos agricultores planejam reduzir o uso de fertilizantes. Levantamento do IMEA mostra que 47,3% dos produtores não pretendem utilizar MAP na próxima safra, enquanto 10,6% devem aplicar doses menores. Tendência semelhante é observada com outros insumos, como o Super Simples e o potássio. A redução na adubação pode comprometer a produtividade e, em cadeia, elevar os preços dos alimentos ao consumidor final.

Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT, avalia que o produtor está sendo obrigado a fazer cortes estratégicos, priorizando o que for possível. Segundo ele, o impacto pode se refletir em menor produtividade, oferta reduzida e alimentos mais caros nas prateleiras. Para evitar agravamento do cenário, ele defende que o governo federal contribua com medidas de equilíbrio fiscal, evitando que a instabilidade econômica continue afetando diretamente quem produz e quem consome.