Tarifaço: estudo aponta perda de 15 mil empregos no agronegócio brasileiro

Tarifas dos EUA causam perda de 15 mil empregos na indústria brasileira, com maior impacto em bens de capital. Estudo aponta desaceleração nas exportações e emprego industrial.

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Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Um levantamento do Banco Inter revela que a indústria brasileira enfrentou a perda de 15 mil postos de trabalho entre agosto e setembro, após a implementação de tarifas sobre produtos exportados aos Estados Unidos. O aumento, anunciado em julho pelo então presidente americano Donald Trump, elevou em até 50% as alíquotas aplicadas a bens industriais brasileiros, impactando diretamente o comércio e o nível de emprego.

Com dois meses de dados pós-início das novas tarifas, os analistas da área de pesquisa macroeconômica do Inter concluíram que as medidas comerciais já produzem efeitos tangíveis na atividade industrial do país. Os dados de comércio em nível subnacional indicam uma acentuada desaceleração nas exportações para os EUA, uma tendência que começou em agosto e se intensificou em setembro.

Segundo o estudo, as perdas de emprego se concentraram no setor de refino de açúcar e em importantes regiões industriais de São Paulo e do Sul do Brasil. A análise pondera que, apesar da queda inicial, parte dessas perdas pode ser recuperada a médio prazo, dependendo da capacidade de adaptação das cadeias produtivas.

O Banco Inter ressalta que, mesmo após a posterior isenção para uma parcela de produtos, que reduziu a alíquota efetiva média para aproximadamente 31%, o impacto tende a ser assimétrico. “O foco recai sobre a indústria, pois bens manufaturados possuem menor flexibilidade de realocação comercial, em contraste com as commodities agrícolas, como café, petróleo e minério, cujos preços são padronizados no mercado internacional”, aponta o relatório.

Com base em dados detalhados da balança comercial, o estudo demonstra que a medida afetou mais severamente os segmentos de bens de capital, incluindo aeronaves, motores e máquinas elétricas, que registraram quedas nas exportações superiores a 30% entre agosto e setembro, comparativamente ao mesmo período de 2024.

A análise também sugere que parte das empresas mantém o ritmo de produção, acumulando estoques, o que pode mitigar o impacto nos próximos meses.

No recorte regional, o levantamento aponta que, das 131 regiões industriais brasileiras com exposição à exportação de bens manufaturados para os EUA, 60 ainda apresentavam crescimento em suas vendas externas em julho. Dois meses depois, esse número caiu para 28 regiões com desempenho positivo, enquanto 63 registraram queda acentuada, o pior resultado desde a greve dos caminhoneiros de 2018, que provocou uma forte retração na produção industrial.

O estudo do Banco Inter reforça que os efeitos das novas tarifas sobre a economia brasileira ainda estão em desenvolvimento, mas já indicam uma desaceleração significativa nas exportações e no emprego industrial, particularmente nos polos mais dependentes do comércio com os Estados Unidos.

Fonte: Canal Rural.