Protagonismo

Bahia abriga projeto da maior fazenda de cacau do mundo em meio à crise global do grão

O Brasil pode estar a caminho de retomar um protagonismo perdido no mercado global de cacau. Em Riachão das Neves, no oeste da Bahia, o agricultor Moisés Schmidt está desenvolvendo o que promete ser a maior fazenda de cacau do mundo. Com investimento de US$ 300 milhões, o projeto prevê o cultivo de cacaueiros de …

O Brasil pode estar a caminho de retomar um protagonismo perdido no mercado global de cacau. Em Riachão das Neves, no oeste da Bahia, o agricultor Moisés Schmidt está desenvolvendo o que promete ser a maior fazenda de cacau do mundo. Com investimento de US$ 300 milhões, o projeto prevê o cultivo de cacaueiros de alto rendimento em 10 mil hectares uma área superior à da ilha de Manhattan com técnicas de agricultura em larga escala, irrigação mecanizada e adubação intensiva.

Reprodução / Freepik

A iniciativa surge em um momento estratégico: a produção global de cacau enfrenta três anos consecutivos de queda, especialmente na Costa do Marfim e em Gana, responsáveis por mais de 60% da oferta mundial. A escassez provocou uma disparada nos preços, que chegaram a US$ 12.931 por tonelada em 2024. Mesmo com a recente queda para cerca de US$ 8.200, os valores seguem bem acima da média histórica.

Schmidt aposta que o Brasil pode ocupar esse espaço. Sua estimativa é de que, nos próximos dez anos, o país instale até 500 mil hectares de plantações de cacau de alta produtividade, capazes de gerar até 1,6 milhão de toneladas anuais oito vezes a produção atual.

O projeto também atrai grandes nomes da indústria. A Cargill é parceira na fase inicial, e outras empresas, como Barry Callebaut e Mars, já atuam na região. A iniciativa, no entanto, também levanta preocupações com a sanidade vegetal e a diversidade genética, já que grandes plantações clonais podem ser mais vulneráveis a pragas e doenças, como a vassoura-de-bruxa.

Mesmo assim, o cacau brasileiro volta ao radar global. E, para Schmidt, a Bahia tem tudo para se tornar “o novo celeiro do cacau no mundo”.