
O cultivo de alface em campo aberto no Brasil poderá enfrentar desafios significativos nas próximas décadas. Essa é a principal conclusão dos mapas de risco climático para a produção de alface no país, desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF), com base em projeções do Inpe e em modelos do IPCC.
Os mapas serão apresentados neste domingo (16), às 16h30, na Arena AgriTalks da AgriZone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA). Eles apontam que, até o final do século, a maior parte do território brasileiro apresentará risco alto ou muito alto para o cultivo da hortaliça mais consumida pelos brasileiros.
Projeções climáticas e impactos
Esses mapas cartográficos foram elaborados considerando dois cenários climáticos: um otimista, com controle parcial das emissões de gases de efeito estufa, e outro pessimista, onde as emissões continuam a crescer até 2100.
As temperaturas máximas projetadas para o verão, que podem ultrapassar 40 °C em grande parte do país, indicam condições cada vez mais adversas para o cultivo tradicional da alface, que prospera em climas amenos. O calor extremo pode levar ao florescimento precoce, queima das folhas e à morte das plantas, comprometendo a produtividade e a qualidade do produto.
Segundo o engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador da Embrapa Hortaliças, os mapas de risco climático representam uma ferramenta estratégica para antecipar impactos e direcionar ações de pesquisa e adaptação dos sistemas produtivos.
“Compreender como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alface em um país tropical como o Brasil é essencial para garantir segurança alimentar e mitigar prejuízos futuros”, destacou Pacheco.
Ações de adaptação e pesquisa
As projeções indicam que, mesmo no cenário mais otimista, aproximadamente 97% do território nacional apresentará risco climático alto ou muito alto para o cultivo da alface até o final do século. Para responder a esse cenário, a Embrapa tem intensificado pesquisas em duas frentes principais: o melhoramento genético de cultivares mais resistentes ao calor, como as alfaces BRS Mediterrânea e BRS Leila; e o desenvolvimento de sistemas produtivos sustentáveis e adaptados ao clima, como o plantio direto de hortaliças, a compostagem e o uso de ambientes protegidos.
Essas estratégias buscam assegurar a sustentabilidade e a continuidade da produção diante dos efeitos das mudanças climáticas. Os mapas de risco climático integram um estudo de vanguarda sobre inteligência climática aplicada às hortaliças e estão disponíveis na Geoinfo, plataforma de gestão da informação geoespacial da Embrapa.
De acordo com o pesquisador, esses mapas devem ser vistos como ferramentas estratégicas para o planejamento de novas pesquisas e políticas públicas em resposta à crise climática. Além disso, o material pode subsidiar a tomada de decisão de técnicos e produtores sobre as melhores regiões e épocas de plantio; apoiar órgãos governamentais na elaboração de políticas públicas; e auxiliar instituições financeiras na avaliação de riscos da produção no crédito agrícola.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
Fonte: Canal Rural.








