COP30 em Belém: cidade será palco de negociações cruciais sobre clima e transição energética

Belém sedia a COP30, focando em transição energética e adaptação climática, com grande mobilização indígena e debates sobre financiamento verde. O evento busca ações práticas e o fim da dependência de combustíveis fósseis.

Pixabay
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A partir desta segunda-feira (10), Belém se transforma na capital temporária do Brasil e sede da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre até 21 de novembro. É a primeira vez que o evento acontece na Amazônia, região essencial para o equilíbrio climático global. A conferência reúne representantes de 194 países e da União Europeia, com expectativa de mais de 50 mil participantes entre líderes, cientistas, ativistas e organizações civis.

Nos dias que antecederam o encontro, Belém recebeu a Cúpula do Clima, com a presença de chefes de Estado e representantes de cerca de 70 países. O presidente Lula defendeu ações práticas e urgentes contra o aquecimento global, destacando a necessidade de financiamento para a adaptação climática e a transição energética, além da redução do uso de combustíveis fósseis.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, reforçou que o fim da dependência de combustíveis fósseis é um dos principais desafios. Segundo a plataforma Climate Watch, o setor energético responde por 75% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Apesar dos avanços, o cenário global é desafiador. Conflitos internacionais, o negacionismo climático e o atraso na atualização das metas de redução de emissões (NDCs) colocam em risco os compromissos assumidos no Acordo de Paris. Mais de um terço dos países ainda não apresentou suas novas metas.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, apelou para que Belém seja um marco de ação e cooperação global. Três grandes temas guiarão as negociações: adaptação climática, transição justa e o Balanço Global do Acordo de Paris. Esses tópicos envolvem desde medidas para enfrentar desastres ambientais até políticas para proteger trabalhadores afetados pela transição para uma economia de baixo carbono.

Financiamento em debate na COP30

O financiamento é outro ponto crítico. Países ricos ainda não cumpriram a promessa de financiar ações climáticas nos países em desenvolvimento. Para tentar avançar, foi apresentado o “Mapa do Caminho de Baku a Belém”, que propõe US$ 1,3 trilhão anuais em investimentos verdes. O Brasil também lançou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com promessas de mais de US$ 5,5 bilhões para a proteção das florestas e apoio a comunidades tradicionais.

Zona Verde

A sociedade civil terá participação expressiva. A chamada Zona Verde, aberta ao público, reunirá exposições, debates e iniciativas de inovação. O evento deve ter a maior mobilização indígena da história das COPs, com mais de 3 mil representantes. Paralelamente, a Cúpula dos Povos reunirá movimentos sociais e comunidades tradicionais de 62 países, com atividades na Universidade Federal do Pará e uma marcha pelas ruas de Belém.

Lideranças indígenas, como Dinamam Tuxá, da Apib, destacam a importância de que os acordos firmados sejam cumpridos e que povos tradicionais participem diretamente das negociações sobre o clima e a preservação ambiental.

Fonte: Canal Rural.