Política Internacional

Nova lei da União Europeia contra desmatamento pode afetar as exportações brasileiras

A medida visa combater o desmatamento e a degradação de florestas em todo o mundo, principalmente na Amazônia brasileira

Containers em porto.

Uma nova lei aprovada pelo Parlamento Europeu nesta semana obriga os produtos de sete cadeias, como bovino, cacau, café, óleo de palma, couro, soja e madeira, a terem comprovação que não sejam de áreas desmatadas a partir de 2021.

A medida visa combater o desmatamento e a degradação de florestas em todo o mundo, principalmente na Amazônia brasileira, que é uma das principais fontes de commodities.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e órgãos que representam produtores rurais acreditam que os produtores brasileiros têm condições de cumprir as exigências da nova lei europeia. No entanto, as divergências com a lei nacional podem dificultar mudanças.

A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) destaca que os órgãos europeus vão classificar o nível do país exportador quanto à possibilidade de cumprimento das novas exigências.

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) considera a nova legislação um “protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental” e faz uma crítica à comparação entre a “conversão de uso do solo permitido em lei” ao “desmatamento ilegal, que já é punido pela legislação ambiental brasileira“.

Na prática, os produtores terão que modificar a produção de acordo com as regras dos países que compram os produtos.

Alguns especialistas apontam que a nova legislação europeia pode ser uma oportunidade para o Brasil expandir a produção de commodities mais sustentáveis.

Olivia Zerbini, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, destaca que a nova lei europeia afeta diretamente os produtos vendidos pelo Brasil e considera que a medida cria muitas possibilidades. Há o risco de o bioma amazônico ser protegido e o cultivo avançar pelo Cerrado. Ou os produtores dispensariam os europeus e se concentrariam em mercados menos exigentes, como China e Estados Unidos.

Os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente ainda não comentaram a nova legislação europeia.

O impacto dessa medida na economia brasileira e nos produtores rurais será avaliado nos próximos meses, mas a tendência é de que haja um movimento para o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas sustentáveis para atender às exigências internacionais.


Fonte: Agência Brasil.