Política Externa

Brasil revisa posição sobre comércio internacional de alimentos na ONU

Governo brasileiro argumenta que é preciso associar as negociações comerciais internacionais à promoção da segurança alimentar e nutricional

Brasil revisa posição sobre comércio internacional de alimentos na ONU. Reprodução/Canal Rural.

O Brasil apresentou uma revisão de sua postura acerca da liberalização do comércio internacional de alimentos e o papel estatal na segurança alimentar. Esta mudança, divulgada na Cúpula dos Sistemas Alimentares da ONU, distingue-se da posição do governo anterior.

Mudança de posição

O governo brasileiro argumenta que as negociações comerciais internacionais devem estar associadas à promoção da segurança alimentar. Isto, em uma reestruturação do documento entregue na primeira cúpula em setembro de 2021. O novo texto ressalta a necessidade de proteger e promover os interesses dos agricultores familiares e a diversidade dos sistemas alimentares brasileiros.

“A abertura do comércio deve ser acompanhada de políticas de apoio e incentivo à agricultura familiar“, afirma o documento. Desta forma, assegura-se uma participação justa e equitativa dos agricultores familiares nos mercados nacionais e internacionais.

Entrega do novo documento

O documento revisado foi entregue ao secretário-geral da ONU, António Guterres, substituindo o documento apresentado em 2021 pela então ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

A Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) foi a responsável pela revisão. Ela introduziu elementos novos, como o fortalecimento da governança das políticas nacionais de segurança alimentar e nutricional.

Crises e comércio internacional

Arnoldo de Campos, consultor para Sistemas Alimentares da FAO, considera positiva a mudança na postura brasileira. Ele destaca que o mercado não é capaz de enfrentar as três principais crises relacionadas ao tema: a crise de fome, a crise de doenças crônicas causada pela má alimentação, e a crise climática.

Cúpula de Sistemas Alimentares

A Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas, realizada pela primeira vez em 2021, visa encontrar formas de produzir alimentos saudáveis, combater a fome e reduzir o impacto ambiental. Neste encontro, o secretário-geral da ONU alertou sobre o estado “quebrado” dos sistemas alimentares globais.

Situação alimentar global

Segundo estimativas da ONU, mais de 780 milhões de pessoas passam fome no mundo. Quase um terço dos alimentos são perdidos ou desperdiçados e quase três bilhões de pessoas não podem pagar por dietas saudáveis.


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Fonte: Canal Rural.