Pecuária

Criadores de Angus no Brasil Ganham Ferramenta para Selecionar Animais Mais Eficientes na Conversão Alimentar

Embrapa e Associação Brasileira de Angus Lançam Avaliação Genômica de Eficiência Alimentar

Foto: Fagner Oliveira

A partir deste ano, os criadores da raça Angus no Brasil poderão fazer escolhas mais informadas ao selecionar reprodutores que transmitam eficiência alimentar aos filhotes, graças a uma nova tecnologia desenvolvida pela Embrapa, em colaboração com a Associação Brasileira de Angus, Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares e BioData Ciência de Dados.

O lançamento dessa tecnologia, apresentada na 46ª Expointer, oferece aos pecuaristas a oportunidade de introduzir animais mais eficientes na conversão de alimentos em carne em seus rebanhos.

Os dados para essa avaliação genômica foram coletados ao longo de quatro anos em 22 testes de eficiência alimentar, envolvendo 589 animais da raça Angus. Esses testes foram realizados em colaboração com a Embrapa Pecuária Sul, UFRGS, Central CRV Brasil, Verdana Agropecuária e Casa Branca Agropastoril.

Como Funciona a Avaliação? A avaliação genômica é baseada em três novas predições DEPGs (diferença esperada na progênie aprimorada pela genômica): Consumo de Matéria Seca (CMS), Consumo Alimentar Residual (CAR) e Ganho Médio Diário Residual (GMDR).

  • CMS: Representa o consumo médio diário de alimento do animal com base na matéria seca, descontando a água presente na dieta.
  • CAR: É a diferença entre o consumo de alimento observado e o esperado com base no peso metabólico do animal e no ganho médio diário.
  • GMDR: Representa a diferença entre o Ganho Médio Diário (GMD) observado de cada animal durante a prova e o estimado com base no consumo de matéria seca e peso metabólico.

Essas características são inter-relacionadas e buscam selecionar animais mais eficientes no uso dos alimentos fornecidos na dieta. O CAR identifica animais com ganho de peso igual à média do grupo, mas com menor consumo diário de alimento, ou seja, com CAR negativo. Por outro lado, o GMDR positivo seleciona animais que ganham mais peso do que a média do grupo, ingerindo a mesma quantidade de alimento.

Fernando Cardoso, chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, destaca que essa tecnologia é de grande relevância para o setor pecuário, pois garante eficiência e melhor lucratividade aos pecuaristas. Com os gastos com alimentação representando de 70% a 90% dos custos totais na fase de terminação dos animais, a melhora na conversão alimentar é fundamental.

Seleção Genômica A seleção genômica utiliza marcadores genéticos moleculares do tipo SNP (polimorfismo de um único nucleotídeo). Esses marcadores permitem a identificação de indivíduos geneticamente superiores, acelerando a seleção de características de interesse, especialmente aquelas de difícil coleta de dados.

Para implementar a seleção genômica, três etapas são necessárias: a população de descoberta, a população de validação e a população de seleção. A primeira envolve a genotipagem de uma ampla população de referência para obter dados fenotípicos e genotípicos. A segunda valida os efeitos estimados em um grupo de animais que não faz parte da população de referência. Por fim, a terceira prediz os valores genéticos de indivíduos candidatos à seleção com base nos genótipos validados.

Essa tecnologia permitirá a seleção de reprodutores mais eficientes na conversão alimentar, garantindo maior produtividade e sustentabilidade na pecuária Angus no Brasil.


Fonte: Canal Rural